História
Antônio Conselheiro é o personagem da historia do Brasil que mais tem merecido atenção dos estudiosos nos últimos anos. Nesta pagina apresentamos os principais acontecimentos da sua vida, desde 1830, ano em que nasceu, até a findacao de Belo Monte em 1893.
No tempo da Monarquia
Certos casos sucederam
Que vale a pena contar-se
Pelo que eles mereceram
Castigos como alguns levaram
Desgosto que outros sofreram”
(Arinos de Belém)
13 de março – 1830
Nasce na Vila do Campo Maior de Quixeramobim, na província do Ceará, Antônio Vicente Mendes Maciel, nome de batismo daquele que mais tarde ficaria célebre como Antônio Conselheiro. Era filho de Maria Joaquina de Jesus e Vicente Mendes Maciel. Segundo o escritor João Brígido, que foi amigo de infância de Antônio, os Maciéis era uma “família numerosa de homens validos, ágeis, inteligentes e bravos, vivendo de vaqueirice e a pequena criação” (Brígido, 1919), e se envolveram em conflito com os poderosos Araújos, “família rica, filiadas a outras das mais antigas do norte da província” (Ibid).
22 de maio - 1830
Antônio é batizado na igreja matriz quixeramobim, com forme a certidão:
“Aos vinte e dois de maio de mil oitocentos e trinta batizei e pus os santos óleos nesta matriz de quixeramobim ao parvulo Antônio pardo nascido aos treze de março do mesmo ano supra (...) Do que, para constar, fiz este termo em que me assinei”.
O vigário,domingos Álvaro Vieira”
31 de agosto de – 1834Morre Maria Joaquina.Antonio e suas duas irmãs, Maria e Francisca,ficam órfãos de mãe e seu pai casa-se 1 ano, 5 meses e 11 dias depois com Francisca Maria da conceição e tem mais uma filha chamada Rufina. “Antônio teve uma infância sofrida. Marcaram-no os delírios alcoólicos do pai, os mal tratos da madrasta, o extermínio de parentes na luta contia os Araújo, além das influências místicas comum ao meio sertanejo” {Dantas, 1966}.
O escritor Gustavo Barroso em antigo publicado na revista o cruzeiro em 1956, José Victor Ferreira nobre informava que Antônio Conselheiro cursara as aulas de latim de dificuldades na família, Antônio consegue se dedicar a boa formação escolar e estuda também português, Aritmética, Geografia e francês. Possui uma boa caligrafia e torna-se um jovem conceituado na cidade “Antônio revela-se muito religioso, morigerado e bom, respeitoso para com os velhos. Protegia e acariciava as crianças. Sofria com as rusgas entre o pai e a madrasta.
Consideravam-no perola de Quixeramobim, por se um moço sério, trabalhador, honesto e religioso” {Montenegro,1954}.
05 de Abril-1855
Morre Vicente Maciel, pai de Antônio, que a partir de então, passa a cuidar dos negócios da família, ao mesmo tempo que promove o casamento das irmãs. Francisca Maciel, madrasta de Antônio, morre em Quixeramobim um ano depois.
07 de janeiro-1857
Antônio Maciel casa-se em Quixeramobim com Brasilina Laurentina de lima.
“ Aos sete dias de janeiro de 1857, nesta matriz de Quixeramobim, pelas oito horas da noite, depois de preenchidas as formalidades de direito, assiste a Antônio Vicente Mendes Maciel e Brasilina Laurentina de lima, naturais moradores de Quixeramobim (...) do que para constar mandei fazer este assento que assino.
O Vigário interino José Jacinto Bezerra”
A partir desta época, Antônio muda constantemente de cidade e de profissão, sendo negociante professor, balconista e advogado pro visionado,ou advogado dos pobres como o chamavam.Em 1861,encontra-se em IPU {CE},já com dois filhos,e sua esposa inicia uma relação amorosa com um furriel {antigo posto entre cabo e sargento}da policia local. Profundamente abatido,Antônio abandona tudo e se retira para a fazenda Tamboril, dedicando-se ao magistério. Tempos depois, vai para Santa Quitéria (CE) e conhece Joana Imaginaria, mulher meiga e mística que esculpia imagens de santo em borro e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho e em 1865 parte novamente. Trabalhando como negociante de varejos, percorre os povoados da região, e de 1869 a 1871 fixa-se em Várzea da Pedra, insistindo com os negócios, mas os fracassos comerciais e a provável influência do padre Ibiapina levam-no a iniciar uma nova fase de sua vida, peregrinando por todo o nordeste.
Passados alguns anos, Antônio em uma visita ao Ceará, encontra o escritor João Brigido, e declara: “vou para onde me chamam os mal aventurados”, retomando assim uma longa caminhada pelos sertões.
Alto, magro, cabelos e barba crescidos, sandálias de couro, chapéu de palha, vestido sempre com uma túnica azul clara amarrada na cintura por um cordão com um crucifixo na ponta e um bastão na mão; esse era o peregrino.
Honório Vilanova, sobrevivendo de Canudos e irmão de Antônio Vilanova, um dos principais lideres conselheiristas, em depoimento ao escritor Nertan Macedo no ano de 1962,declarou:
“Conheci o peregrino, era eu menino, no urucu. Se bem me recordo, foi em 1873 antes da grande seca. Ela chegou um dia a fazenda, pedindo esmola para distribuir pelos pobres, como era do seu costume. Donde vinha, não posso me lembrar.
Falava-se que dos lados do Quixeramobim, mas a origem pouco importante.
Compadre Antônio deu-lhe um borrego nessa ocasião. O peregrino disse a quantos o ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumprir, erguer vinte e cinco igrejas.
Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara.
Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara.Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”
Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”
Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho e em 1865 parte novamente. Trabalhando como negociante de varejos, percorre os povoados da região, e de 1869 a 1871 fixa-se em Várzea da Pedra, insistindo com os Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”
Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho negócios, mas os fracassos comerciais e a provável influência do padre Ibiapina levam-no a iniciar uma nova fase de sua vida, peregrinando por todo o nordeste.
Passados alguns anos, Antônio em uma visita ao Ceará, encontra o escritor João Brigido, e declara: “vou para onde me chamam os mal aventurados”, retomando assim uma longa caminhada pelos sertões.
Alto, magro, cabelos e barba crescidos, sandálias de couro, chapéu de palha, vestido sempre com uma túnica azul clara amarrada na cintura por um cordão com um crucifixo na ponta e um bastão na mão; esse era o peregrino.
Honório Vilanova, sobrevivendo de Canudos e irmão de Antônio Vilanova, um dos principais lideres conselheiristas, em depoimento ao escritor Nertan Macedo no ano de 1962,declarou:
“Conheci o peregrino, era eu menino, no urucu. Se bem me recordo, foi em 1873 antes da grande seca. Ela chegou um dia a fazenda, pedindo esmola para distribuir pelos pobres, como era do seu costume. Donde vinha, não posso me lembrar.
Falava-se que dos lados do Quixeramobim, mas a origem pouco importante.
Compadre Antônio deu-lhe um borrego nessa ocasião. O peregrino disse a quantos o ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumprir, erguer vinte e cinco igrejas.
Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara.Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”
Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho negócios, mas os fracassos comerciais e a provável influência do padre Ibiapina levam-no a iniciar uma nova fase de sua vida, peregrinando por todo o nordeste.
Passados alguns anos, Antônio em uma visita ao Ceará, encontra o escritor João Brigido, e declara: “vou para onde me chamam os mal aventurados”, retomando assim uma longa caminhada pelos sertões.
Alto, magro, cabelos e barba crescidos, sandálias de couro, chapéu de palha, vestido sempre com uma túnica azul clara amarrada na cintura por um cordão com um crucifixo na ponta e um bastão na mão; esse era o peregrino.
Honório Vilanova, sobrevivendo de Canudos e irmão de Antônio Vilanova, um dos principais lideres conselheiristas, em depoimento ao escritor Nertan Macedo no ano de 1962,declarou:
“Conheci o peregrino, era eu menino, no urucu. Se bem me recordo, foi em 1873 antes da grande seca. Ela chegou um dia a fazenda, pedindo esmola para distribuir pelos pobres, como era do seu costume. Donde vinha, não posso me lembrar.
Falava-se que dos lados do Quixeramobim, mas a origem pouco importante.
Compadre Antônio deu-lhe um borrego nessa ocasião. O peregrino disse a quantos o ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumprir, erguer vinte e cinco igrejas.
Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara.Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”
Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho negócios, mas os fracassos comerciais e a provável influência do padre Ibiapina levam-no a iniciar uma nova fase de sua vida, peregrinando por todo o nordeste.
Passados alguns anos, Antônio em uma visita ao Ceará, encontra o escritor João Brigido, e declara: “vou para onde me chamam os mal aventurados”, retomando assim uma longa caminhada pelos sertões.
Alto, magro, cabelos e barba crescidos, sandálias de couro, chapéu de palha, vestido sempre com uma túnica azul clara amarrada na cintura por um cordão com um crucifixo na ponta e um bastão na mão; esse era o peregrino.
Honório Vilanova, sobrevivendo de Canudos e irmão de Antônio Vilanova, um dos principais lideres conselheiristas, em depoimento ao escritor Nertan Macedo no ano de 1962,declarou:
“Conheci o peregrino, era eu menino, no urucu. Se bem me recordo, foi em 1873 antes da grande seca. Ela chegou um dia a fazenda, pedindo esmola para distribuir pelos pobres, como era do seu costume. Donde vinha, não posso me lembrar.
Falava-se que dos lados do Quixeramobim, mas a origem pouco importante.
Compadre Antônio deu-lhe um borrego nessa ocasião. O peregrino disse a quantos o ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumprir, erguer vinte e cinco igrejas.
Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara.
Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.vEra manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”
Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara.
Nunca mais pude esquecer aquela presença. era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”(Macedo, 1964.)
22 de novembro-1874
O jornal semanário “O RABUDO” editado na cidade de Estância (SE), publica pela 1ª vez uma noticia na imprensa sobre um certo Antônio dos Mares.
A bons seis meses que por todo o centro desta e da Província da Bahia, chegado, (diz ele,)da do Ceara infesta um aventureiro santarrão que se apelida por Antônio dos mares:(...) O fanatismo do povo tem subido a ponto tal que afirmam muito ser o próprio Jesus Cristo (...)pedimos providencias a respeito: seja esse homem capturado e levado a presença do governo imperial, a fim de prevenir os males que ainda foram postos em prática pela autoridade da palavra do Fr. S. Antônio dos Mares mo demo.
Dizem que ele não teme a nada, e que estará a frente de suas ovelhas. Que audácia! O povo fanático sustenta que nele não tocarão; já tendo se dado casos de pegarem em amas para defende-lo.
(ver na integra em documentos raros)
O peregrino caminha incansavelmente, conhece cada palmo do sertão, seus segredos e mistérios.vPor onde anda, faz sermões rega o evangelho e da conselho. Antônio se transforma, de peregrino a beato, de beato a conselheiro: Antônio Conselheiro ou Santo Antônio dos Mares ou Santo Antônio Aparecido ou bom Jesus Conselheiro. Deixa crescer o cabelo e a barba, aprofunda seu já grande conhecimento da Bíblia, e sua fama começa a percorrer todo o interior nordestino, e gradativamente vai formando em torno de si número crescente de fiéis seguidores.
28 de junho – 1876
Antônio Conselheiro é preso em Itapiruru, Francisco pereira Assunção, que em oficio ao chefe de policia da Bahia, João Bernardo de Magalhães, escreve:
“peço a v.s. para da providencias, a fim de que não volte o dito fanatiza dor do povo ignorante; e creio que V.S. assim o fará, porque não deixa de saber da noticia, que a messes apareceu, de ser ele criminoso de morte da província do Ceará “. (Apud Milton, 1902,p.10) (ver íntegra do oficio em documentos raros ).
A prisão do conselheiro, foi noticia em destaque dos principais jornais de Salvador. Alem do diário de noticia, o diário da Bahia (27 de junho e 7 de julho) e o jornal da Bahia, também a famosa folhinha laemmert, por conta deste episodio, divulgou pela 1ª vez na capital do Império (RJ) noticia sobre Antônio Conselheiro.
5 de julho-1876
O chefe da policia da Bahia encaminha Antônio Conselheiro ao seu colega do Ceará Vicente de Paula Cascais Teles, com a seguinte recomendação:A partir desta época, Antônio muda constantemente de cidade e de profissão, sendo negociante.cor morena e idade presumível de sessenta ou cinquenta e cinco anos.estava em começo de putefação e apresentava cabelos negros,longos e bastos,fronte estreita, rosto longo e largo e magro de nações salientes, guamecido de barbas longas, nariz destruído na porção musculosa, a maxila inferior, como a superior,desprovida de dentes; mãos descamadas e pés pequenos. Concluído o exame,que não pode ser levado adiante por deficiência de meios reconhecido pelos sinais descritos e pelo testemunho de muitos prisioneiros e várias pessoas presentes ,entre As quais o membro presente da comissão acadêmica ,João Ponde,ser o corpo de Antonio Vicente Mendes Maciel,conhecido por Antonio conselheiro , que aí residia como chefe de um núcleo de fanáticos e aventureiros de povoação de Canudos;no sertão da Bahia.” Dr. José Curió (Major-Médico) ,Dr.Mourão ,Dr. Gouveira Freire (Capitão-Médico), Dr.Jacob Gayoso .dico), João Pondé (6º anista de medicina) Apud Gustavo Barroso, o cruzeiro,28.04.1956)
03 de Novembro-1897
É lançado em salvador um manifesto de 41 estudantes baianos protestando contra o “cruel massacre ...exercido sobre prisioneiros indefesos e maneitados em Canudos e até em Queimadas” . pouco depois , também Ruí Barbosa declara um elogio aos
estudantes que “ protestam contra a vitória de degola aos vencidos .”
05 de Novembro-1897
É assassinado no Rio de Janeiro (RJ) , 0 Marechal Carlos Machado Bittencurt, ministro da guerra ,que em setembro se desloca para o sertão baiano , assumindo pessoalmente comando das operações militares da guerra o atentado que era destinado ao presidente da republica , Prudente de Moraes , ocorreu no momento em que a cidade em festa recebia os primeiro soldados combatentes Canudos.
02 de Dezembro-1902
É lançado no Rio de Janeiro o livro “os sertões.” Um clássico sobre a epopeia de Canudos , escrito por Euclides da Cunha, que em 1897 havia si do contratado pelo jornal O Estado de São Paulo para o in loco produzir uma serie de artigos sobre a guerra de canudos e Antonio Conselheiro .este trabalho será por nos publicado , conforme rezava entre ele e “estado” . alguns anos depois , pela editora Leammert o livro foi lançado no mercado editorial brasileiro, transformando-se numa das principais obras da literatura mundial já tendo sido traduzido para mais de dez idiomas ,com um numero
superior a 50ediçoes brasileiras e sendo objeto de mas de 10 mil trabalhos.
03 de Março-1905
Um incêndio na antiga faculdade de medicina do território de Jesus , em salvador (BA),destrói a cabeça de Antonio Conselheiro que se encontrava em exposição publica desde o final da guerra de canudos , em outubro de 1897.
“... suspeito ser algum dos criminosos dessa província, que andam foragidos.(...) Entretanto, si por ventura não for ele ai criminoso, peço em todo caso, a v. s.que não perca de sobre ele as vistas, para que não volte a esta província, ao lugar referido, para onde a sua volta trará certamente resultados desagradáveis pela exaltação em que 03 de Março-1905
Um incêndio na antiga faculdade de medicina do território de Jesus , em salvador (BA),destrói a cabeça de Antonio Conselheiro que se encontrava em exposição publica desde o final da guerra de canudos , em outubro de 1897.
“... suspeito ser algum dos criminosos dessa província, que andam foragidos.(...)
Entretanto, si por ventura não for ele ai criminoso, peço em todo caso, a v. s.que não perca de sobre ele as vistas, para que não volte a esta província, ao lugar referido, para onde a sua volta trará certamente resultados desagradáveis pela exaltação em que
Entretanto, si por ventura não for ele ai criminoso, peço em todo caso, a v. s.que não perca de sobre ele as vistas, para que não volte a esta província, ao lugar referido, para onde a sua volta trará certamente resultados desagradáveis pela exaltação em que lançado no mercado editorial brasileiro, transformando-se numa das principais obras da literatura mundial já tendo sido traduzido para mais de dez idiomas ,com um numero
superior a 50ediçoes brasileiras e sendo objeto de mas de 10 mil trabalhos.
03 de Março-1905
Um incêndio na antiga faculdade de medicina do território de Jesus , em salvador (BA),destrói a cabeça de Antonio Conselheiro que se encontrava em exposição publica desde o final da guerra de canudos , em outubro de 1897.
“... suspeito ser algum dos criminosos dessa província, que andam foragidos.(...)
Entretanto, si por ventura não for ele ai criminoso, peço em todo caso, a v. s.que não perca de sobre ele as vistas, para que não volte a esta província, ao lugar referido, para onde a sua volta trará certamente resultados desagradáveis pela exaltação em que ficaram os espíritos dos fanáticos com a prisão do seu ídolo do (Apud Milton, 1902, p.12) (ver íntegra do ofício em documentos raros)
v15 de julho – 1876
Conduzido num porão de navio para Fortaleza (CE), Antonio Conselheiro foi espancado severamente na viagem e teve cabelo e barba raspados, chegando em estado lastimável ao Ceará, cujo Chefe de policia o encaminha ao Juiz Municipal de quixeramobim, conforme oficio:
“segue, para ali ser posto á sua disposição, Antonio Vicente Mendes Maciel, que se supõe ser criminoso nesse termo, conforme comunica-me o Dr, chefe de policial da província da Bahia, que m’o remeteu, afim de que em juízo, verificando da criminalidade do referido Maciel, proceda como cumpre na forma da lei.” (Apud
Benicio, 1899, p. 46) (ver íntegra do ofício em documentos raros)
1º de agosto – 1876
O juiz municipal de quixeramobim, Alfredo Alves Matheus, encerra o episódio em correspondência ao Chefe de policia do Ceará:
“tenho verificado não ser o referido Maciel criminoso, o mandei pôr em liberdade alguns dias depois de sua Chegada a esta cidade.
O juiz Municipal – Alfredo Alves Matheus.” (Apud Benicio, 1899, p. 46)
(ver integra do oficio em documentos raros)
Mesmo comprovada a sua inocência, o boato de que teria assassinado a mãe e a esposa, perseguiu Antonio Conselheiro até o fim da sua vida. Já agora em liberdade, imediatamente retorna ao sertão da Bahia.
1877
O ano de 1877 foi célebre em todo o nordeste: era o início da grande seca que durou 2 anos deixando um rastro de 300 mil mortos e um número incalculável de retirantes famintos, muitos dos quais comiam cadáveres nas beiras de estrada. Antonio Conselheiro vivencia a dor e o sofrimento do povo nordestino e continua suas peregrinações pelo sertão adentro,falando para os pobres e explorados, e seu comportamento desagradava cada vez mais influentes do latifúndio e da igreja.
16 de fevereiro – 1882
O arcebispo de salvador (BA), D.Luis José envia aos vigários de todo o Estado da Bahia, uma circular proibindo as pregações de Antonio Conselheiro em suas paróquias.“chegando ao nosso conhecimento que, pelas freguesias do centro deste arcebispado, anda um individuo denominado Antonio Conselheiro, pregando ao povo que se reúne vpra ouvi-lo doutrinas supersticiosas e uma moral excessivamente rígida com que esta perturbando as consciência e enfraquecendo, não pouco, a autoridade dos párocos destes lugares, ordenamos á v. Revma. que não consinta em sua freguesia semelhante abuso, fazendo saber aos paroquianos que lhes proíbem, absolutamente, de se reunirem para ouvir tal pregação, (...)
Outro sim, se apesar das advertências de V.Revma. continuar o individuo em questão a praticar os mesmo abusos, haja V.Revma. de imediatamente.
Comunicar-nos a fim de nos entendermos com o Exm. Sr. Dr. “Chefe de policia, no sentido de tomar-se conta o mesmo as providencias que se julgam necessárias”.
19 de fevereiro de 1883
Morre aos 76 anos em Santa Fé (PB), o Padre Antonio Ibiapina, Lendário Missionário que construiu casas de caridade em vários Estados nordestinos. Antonio Conselheiro possivelmente foi muito influenciado pelo padre Ibiapina que antes de se ordenar padre, foi juiz de direito em Quixeramobim (CE) em 1833.
13 de maio – 1888
Assinada a Lei da Abolição da Escravatura. Teve fim um longo e tenebroso período em que mais de 9 milhões de Africanos foram trazidos a força para o Brasil, o penúltimo pais do mundo ocidental a abolir a escravidão negra. Esta medida é recebida com entusiasmo por Conselheiro, que a muito tempo já faz as pregações abolicionistas. Muitos ex-escravos, os chamados 13 de maio, não encontrando trabalho e continuando a sofrer violentas descriminações, acompanham o peregrino em suas andanças vindo depois a se estabelecer em canudos. A escravidão era um tema que o preocupava muito e em uma de suas prédicas, ele escreve:(...) sua alteza a senhora Dona Isabel libertou a escravidão que não fez mais que cumprir a ordem do Céu; porque era chegado o tempo mandado por Deus para libertar esse povo de semelhante estado, o mais degradante aqui podia ver reduzido o ente humano; a força moral (que tanto omã ) com que ela procedeu a satisfação da vontade divina constitui a confiança que tem em Deus para liberta esse povo, não era motivo suficiente para soar o brado da indignação que arrancou o ódio da maior parte daqueles a quem esse povo estava sujeito. Mas os Homens não penetram a inspiração divina que moveu o coração da digna e virtuosa princesa para dar semelhante passo; não obstante ela dispor do seu poder, todavia era de supor que meditaria, antes de o pôr em execução, acerca da vperseguição que avia de sofrer, tanto assim que na noite que tinha que assinar o decreto da liberdade um dos ministros lhe disse:
Sua alteza assina o decreto da liberdade, olhe república como uma ameaça; ao que ela não liga a mínima importância. Assinado o decreto com aquela disposição que tanto a caracteriza. A sua disposição, porém, é prova que atesta do mundo mais significativo que era vontade de Deus que libertasse esse povo. Os homens ficaram assombrados com tão belo acontecimento. Porque Já sentiam o braço que sustentava o seu trabalho, donde formavam o seu tesouro, correspondendo com ingratidão e insensibilidade ao trabalho que desse povo recebiam. Quantos morriam debaixo dos açoites por algumas faltas que cometiam alguns quase nus, oprimidos da fome e de pesado trabalho.
E que direi eu daqueles que não levavam com paciência tanta crueldade e no furor ou excesso de sua infeliz estrela se matavam? Chegou o dia em que Deus tinha de pôr termo a tanta crueldade, movido de compaixão a favor de seu povo e ordena para que se liberte de tão penosa escravidão.” (Macedo, 1974: 180).
15 de novembro – 1889
È proclamada a república. A terra e a renda continuaram concentradas nas mãos das elites e o poder político não foi democratizado. Novas medidas começam a entrar em vigor, como a separação entre o estado e a igreja, o casamento civil e a cobrança de impostos. Conselheiro não aceita o novo regime e passa a combate-lo com firmeza, escrevendo nas prédicas:
Agora tenho de falar-vos de um assunto que tem sido o assombro e o abalo dos fiéis, de um assunto que só a incredulidade do homem ocasionara semelhante acontecimento: a República, que é incontestavelmente um grande mal para o Brasil outrora tão bela a sua estrela, hoje porém foge toda a segurança, porque um novo governo acaba de ter o seu invento e do seu emprego se lança mão como meio mais eficaz e pronto para o extermínio da religião. Admiro o procedimento daqueles que tem concorrido com o seu voto para realizar-se a República, cuja idéia tem barbaramente oprimido a igreja e os fiéis: chegando a incredulidade a ponde de proibir até a Companhia de Jesus; quem pois não pasma á vista de tão degradante procedimento? Quem diria que houvesse homens que partilhassem de semelhante idéia A república é o ludibrio da tirania para os fiéis. Não se pode qualificar o procedimento daqueles que tem concorrido para que a república produza tão horroroso efeito!! Homens que olham por um prisma quando deviam impugna generosamente a República, dando assim brilhante prova de religião, demonstrado, como se acha, que a República quer acabar com a religião,esta obra prima de Deus que há dezenove séculos existe e há de permanecer até o fim do mundo; (...) Considerem portanto, estas verdades que devem convencer aquele que concebeu a idéia da república, que é importante o poder humano para acabar com a religião. O presidente da República, porém, pela incredulidade que tem atraído ele sobre toda sorte de ilusões,entende que pode governar o Brasil como se fora um monarca legitimamente constituído por Deus; tanta injustiça os Católicos contemplam amargurados.(...) È evidente que a República permanece sobre um principio falso e dele não se pode tirar conseqüência legitima: sustentar o contrário seria absurdo espantoso e singularíssimo; porque, ainda que ela trouxesse o bem para o pais, por si é má, porque vai de encontro á vontade de deus, como manifesta ofensa de sua divina lei. Como pode se conciliar-se a lei divina e as humanas, tirando o direito de quem tem para dar a quem não tem? Quem não sabe que o digno príncipe o Senhor Dom Pedro 3º tem poder legitimamente constituído por Deus para governar o Brasil?
Quem não sabe que o seu digno avô o Senhor Dom Pedro 2º , de saudosa memória, não obstante ter sido vítima de uma traição a ponto de ser lançado fora do seu governo, recebendo tão pesado golpe, e prevalece o seu direito, conseqüentemente, só sua real família tem poder para governar o Brasil?(...). Afirmo-vos, penetrado da mais intima certeza, que o senhor Jesus é o todo poderoso e fiel para cumprir a sua promessa é um erro de aquele que diz que a família real não há de governar mais o Brasil: Se este mundo fosse absoluto devia-se crer na nova opinião; Mas não há nada de absoluto nesse mundo porque tudo está sujeito à santíssima providência de Deus, que dissipa o plano dos homens e confunde do modo que quer, sem mover-se do seu trono. A república há de cair por terra para a confusão daquele que concebeu tão horrorosa idéia. Convençam-se, que hão de triunfar porque a sua causa é filha da incredulidade,que a cada momento, a cada passo está sujeita a sofrer o castigo de tão horroroso procedimento. (...)Mas este sublime sentimento não domina no coração do presidente da república, que a seu talante quer governar o Brasil, praticando a tão clamorosa injustiça, ferindo assim o direito mais claro, mais palpável da família real, legitimamente constituída para governar o Brasil. Creio, nutro a esperança que mais cedo ou mais tarde há de triunfar o seu direito porque Deus fará divina justiça, e nessa ocasião virá a paz para aqueles que generosamente tem impugnado a República. (Macedo, 1974,175).
v
As prédicas de Antonio Conselheiro calavam fundo na alma do povo oprimido e explorado, em uma visita ao Ceará encontra o escritor João Brígido, antigo colega de infância, e declara: “Vou para onde me chamam os mal aventurados”.
Consolidava-se o mito em torno de sua figura, e o séqüito que o acompanhava nas andanças pelo sertão nordestino era cada vez maior.
Como um semeador de oásis no deserto, Conselheiro ergue templos sagrados para o povo em muitos lugares esquecidos e abandonados por onde passa. São igrejas, cemitérios e até açudes. Nestas construções, Conselheiro tinha como mestre de obras Manoel Faustino e Manoel Feitosa no depoimento a Nertan Macedo, Honório Vilanova declarou:
“ O peregrino disse a quantos o ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri: erguer vinte e cinco igrejas. Que não as construíram, contudo, em terras do Ceará. Nunca mais pude esquecer aquela presença. Era forte como um touro, os cabelos negros e lisos que caíam como nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça. Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nunca pensei, eu o compadre Antonio, que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem” (Macedo, 1964)
Localidades onde Conselheiro construiu igrejas : Crisópolis (BA), Biritinga (BA), Itapicuru (BA), Rainha dos Anjos (BA), Aporá (BA), Olindina (BA), Tobias Barreto (SE), Nova Soure (BA), Simão Dias (SE), Chorrochó (BA), Esplanada (BA) e Canudos.
Localidades onde Conselheiro construiu cemitérios: Timbó (BA), Entre Rios (BA), Ribeira do Amparo (BA), Cristinápolis (SE), Aporá (BA), Itapicuru (BA), Simões Dias e Canudos.
26 de maio -1893
Ocorre em Masseté (BA)o primeiro confronto armado entre o governo e os conselheristas. A força militar composta de trinta soldados e um tenente, foi enviada a Salvador Bahia, após Antonio Conselheiro liderar um movimento que destruiu na praça publica de Natuba (atual Npva Soure-BA), os editais republicano de cobrança de impostos, atitude que provocou a ira das autoridades locais.
Em masseté, os conselheristas, sob a direção de João Abade e armados de garruches, cacetes e espingardas de caça, reagiram prontamente ao ataque da força militar, provocando a fuga desordenada da tropa. Após este fato, conselheiro percebe que a pressão do governo republicano, da Igreja e dos latifundiários tendia a crescer. Então, reúne seus seguidores e abandona o vale do Itapicuru, centro de suas atividades por muitos anos, partindo
Sertão a dentro, em busca da “Terra Prometida” (ver Belo Monte).
A GUERRA
A guerra de Canudos durou um ano e mobilizou mais de 10 mil soldados oriundos de 17 estados brasileiros e distribuídos, em 4 expedições militares. Estima-se que morreram mais de 25 mil pessoas, culminando com a destruição total da cidade.
Na fotografia ao lado, D. Rita ramos com armas utilizadas na guerra.
"Escapa, escapa soldado
Quem tiver pena que corra
Quem quiser ficar que fique
Há de nascer duas vezes
Quem sair desta gangorra"
(João Melchiades Ferreira da Silva)
Novembro-1896
Começa a guerra de Canudos. O pretexto para o seu inicio foi irrelevante. Antônio Conselheiro precisava de madeira para a igreja Nova em construção e a encomendou em Juazeiro (BA). O pagamento foi antecipado, mas, no prazo estabelecido, a madeira não foi entregue. Espalhou-se o boato de que a cidade seria em invadida pelos conselheiristas. O juiz local, Arlindo Leone, tinha antigas divergências com conselheiro e resolveu estimular o pânico na cidade. Grande parte dos moradores resolveu atravessar o Rio São Francisco, refugiando-se em Pretolina (PE). Criado o clima próprio, o juiz solicitou tropas policiais e foi atendido pelo governo Luis Viana.
06 de novembro-1896
Parte de Salvador (BA), pela estrada de ferro da Bahia ao São Francisco com destino a Juazeiro, a 1ª expedição Militar contra Canudos. Era comprade 113 soldados do 9º batalhão de infantaria, três oficiais, um medico e dois guias (Pedro Francisco de Morais e seu folho, João Batista de Morais), comandos pelo tenente Pires Ferreira. Levava 400 cartuchos para cada praça. Ao chegar no dia seguinte a juazeiro, a expedição encontrou uma cidade apavorada, mas os conselheiritas estavam bem longe e não planejavam nenhum ataque. Então, o juiz e o tenente decidem ir em direção a Canudos.
No dia 19, a tropa chega a Uauá (BA). O historiador Manoel neto Afirma: “Até alcançar Uauá a tropa marchou penosos 150 quilômetros”. Passaram pela lagoa do boi, Caraibinhas, Mari, Mucambo, Rancharia, o tenente Pires Ferreira e seus enfermiços e diarréicos subordinados.
Enfrentando dificudades no comando, porquanto estremecido com o Alferes Coelho eo próprio dr. Antônio, o chefe da expedição cometia outros erros perigosos: exauria a tropa numa marcha não planejada e em terreno sobejamente conhecido pelo inimigo, isolava-se de apoio estratégico valioso, em caminhava-se para combater um contendor desconhecido,obscuro. Tinhosos, como depois se comprovou, os combatentes de Belo Monte espreitavam...( Neto, Mano. De Juazeiro a Ladeira da Barra: A inusitada trajetória da expedição Pires Ferreira in revista Canudos v.1, n.1 1997 UNEB-CEEC).
21 de Novenbro-1896
No amanhecer deste dia a
Expedição encontrava-se ainda
em Uauá (BA), quando chegam
centenas de conselheiristas
entoando cânticos, tendo a frente
a bandeira do divino e uma
grande cruz de madeira
"Não pareciam guerreiros
Símbolos da paz portavam,
A bandeira do Divino
E ao som de Kyries marchavam,
Levando uma grande cruz,
De longe se anunciavam".
(Zé Guilherme)
Vinham como quem vinha para rezar, ou para a guerra. Foram recebidos a bala pelos sentinelas semi-adormecidos e surpresos. Era a guerra. Manoel Neto assim descreve: “Estabelecia-se sangrento, o 1 fogo previsto pelo conselheiro, e a pacata Uauá transformava-se em violento território de combate. O próprio tenente Pires Ferreira descreve o ataque destacando a “incrível ferocidade” dos assaltantes e a rapidez com que a luta se deu propiciou vantagem inicial aos conselheiristas. Adentraram ao arraial onde ocuparam algumas casas. A lógica, entretanto, prevaleceu. Armados e municiados com equipamento mais modernos e letais, os saldados do 9º batalhão de infantaria impuseram pesadas baixas as forças belomontenses. A crueza do combate foi inegável, sendo que o uso de armas como “facões de folha-larga, chuços de vaqueiro, ferrões ou guiadas de três metros de comprimento, foices, varapaus e forquilhas, sob o comando de Quinquim Coiam” utilizados em lutas de corpo a corpo produziam cenas dantescas. Foram entre 4 e 5 horas de pânico, sangue, horror e gestos de bravura e pânico. Contabilizadas as baixas de ambas facções, os números determinava a vitória militar da governamentais. No relatório oficial, Pires Ferreira informa que pereceram na batalha, dentre as hostes conselheiristas “cento e cinqüenta, fora os feridos”. (Neto, Manoel.Idem)
Passadas varias horas de controle, os canudeses, comandados por João Abade, resolveram-se retirar, deixando para trás um quadro desolador.
'Em Juazeiro ao chegarem
Houve grande confusão
O medo cresceu na mente
De todo a população
O êxodo reatado
Aumentou em proporção"
(Zé Guilherme)A apesar da aparente vitória a expedição esta derrotada, pois não tinha mais forças nem coragem para atacar Canudos naquela mesma tarde, saqueou e incendiou Uauá e retornou para Juazeiro, com o saldo de 10 mortos (um oficial, sete soldados e os dois guias) e 17 feridos.
Pedrão, que durante o combate estar em outra missão ao chegar em canudos e saber que seus companheiros mortos estavam insepultos, criticou João Abade e autorizado por Conselheiro, voltou a Uauá e enterrou 74 corpos.
Em canudos, correu um boato de que os soldados tinham sido avisados por Antônio da mota negociante, com o padre compadre e amigo de conselheiro. Mas esses créditos de nada lhe valeram, pois foi morto junto com todos os homens adultos da sua família numa chacina brutal e desumana.
A derrota surpreendeu o governo e repercutiu negativamente na opinião publica, mas no sertão aumentou ainda mais prestigio de Antônio conselheiro e cresceu muito a quantidade de pessoas que iam para canudos.
9 de dezembro- 1896
Reúne-se em Monte Santo (BA) o efetivo da segunda expedição milita contra canudos, composta de forças federais e da policia militar baiana, sob o comando do Major Febrônio de Brito. Depois de inúmeros contratempos provocados por divergências entre o governo Luis Viana e o comandante do 3º DM, General Sólon Ribeiro, que é afastado do posto por ordem do governo federal, a expedição finalmente está pronta para a investida. Mito mais poderosa que a anterior, era composta 600 soldados do 9º BI (Alagoas) e do 26º BI (Sergipe), 10 oficiais , 1 medico, um farmacêutico , e um enfermeiro,2 canhões KRUPP e 3 metralhadoras nordefelt.um clima de euforia e festa patrocinado pelas autoridades de locais contagia toda prova e a confiança numa rápida e esmagadora vitória era tanta, que resolveram deixa a cidade 2/3 da munição, por considera-la desnecessária.
12 de janeiro -1896
Neste dia, em que parte de Mote Santo em direção a canudos a expedição Febrônio de brito, Antônio conselheiro conclui em belo monte suas predicas em um volumoso livro intitulado Tempestades que se Levantam no Coração de Maria por Ocasião do Ministério da Anunciação, obra manuscrita que contem pensamentos e discursos sobre religião, monarquia, republica e escravidão. Auxiliava-o escrevendo, Leão de Natuba, uma espécie de secretario que também tinham boa caligrafia. este livro ficou inédito durante 77 anos e teve sua publicação organizada por Ataliba Nogueira (Nogueira, Ataliba ,Antônio Conselheiro e Canudos. Revisão Histórica, São Paulo, Editora Nacional,1974).
18 de janeiro-1897
Logo cedo, a expedição Febronio de Brito atravessava a Serra do Cachimbo quando foi surpreendida por forte enroscada. Houve um grande corre-corre em meio à fuzilararia. O pleno conhecimento do terreno proporcionava aos sertanejos, uma melhor posição de tiro,causando muitas baixas entre soldados .A luta durou mais de 5 horas ,quando finalmente a força militar prevaleceu e avançou, fechando muitas perdas entre os conselheiristas. Ao fim da tarde, a expedição acampou abeira da lagoa do Cipó. Na manha seguinte ouve um novo ataque, desta vez mais compacto e direto. Sem o abrigo das serras e rochedos, conselheiristas e militares lutaram corpo a corpo, no terrível confronto dos punhais.
No final do combate, inúmeros corpos estavam estendidos no chão, a maioria de conselheiristas.
A lagoa tinha mudado de cor e de nome, desde então passou a se chamar de Lagoa do sangue.
A expedição não teve mais condições de prosseguir no seu objetivo que era atacar canudos. Estava arrasado e foi obrigada a um recuo lento e penoso, trazido com sigo o saldo se 10 soldados mortos e 70 feridos. Na volta, os soldados,maltrapilhos com fome e arrastando com sigo os feridos e os canhões, percorrerão parte do caminho fustigados pelas emboscadas ardilosas organizadas por Pajeu.
31 de janeiro-1897
Machado de Assis, que tinham na coluna no jornal Gazeta de noticias, neste dia escreve: “protesto contra a perseguição que se está fazendo a Antônio conselheiro”. Era uma das poucas vozes contrarias a o opinião publica brasileira que exigia novas medidas repressivas contra canudos após a derrota de duas expedições militares .
7 de fevereiro-1897
Parte de salvador com destino a queimadas, a 3ºexpedição militar contra canudos, a mais famosa de todas. Depois de dois grande s fracassos militares das expedições anteriores,ela tinha a responsabilidade “lava a honra” do exercito, seguindo equipada com seis canhões Krupp e mais de 1.300 soldados conduzindo 15 milhões de cartuchos. No comando estava o Cel. Moreira César, apelidado de “corta-cabeças” devido a sua ação na repressão contra o movimento federalista no sul do país (1893 – 95). Era grande a confiança na vitória e logo ao chegarem em Queimadas, o Cel. Moreira César telegrafou ao Gov. Luis Viana dizendo: “só temo que o fanático Antônio Conselheiro não nos espere”. Dias depois em nova mensagem reafirmava: “só receio a fuga dos fanáticos”. Nada atemorizava Moreira César, nem mesmo os 2 ataques de epilepsia que sofreu logo nos primeiros dias no sertão.
De Queimadas segue para Monte Santo e em 22 de fevereiro, parte para Canudos. Ao passar pelo Cumbe (atual Euclides da Cunha) manda prender humilhar o Padre Vicente Sabino por este manter relações com conselheiro.
03 de março – 1897
A III expedição militar avista Canudos. O Cel Moreira César euforicamente grita pra seus homens: “Vamos tomar Canudos sem disparar mais um tiro... à baioneta”. Ao contrario do anuncio, o ataque começa com a artilharia entrando em cena, num fogo cerrado de canhões, seguida de forte investida dos soldados que conseguem ocupar algumas áreas periféricas do arraial. A reação vaio como uma tempestade de tiros partindo dos defensores alojados em casas, becos e nas torres da igreja. A cavalaria entrou em cena, mas no terreno acidentado, foi ineficaz e tornou-se alvo fácil. Com o passar das horas, mesmo com o apoio da cavalaria, o entusiasmo inicial das tropas arrefece e o confronto se reverte francamente favorável aos conselheiristas. No final da tarde, as baixas militares eram grandes e o inesperado acontece: o Cel. Moreira César é atingido por dois tiros e fica fora de combate. Não havia mais chances para a força expedicionária.
Às 19hs é anunciado o toque de recolhida.
04 de março - 1897
Durante a madrugada, morre o Cel. Moreira César e assume o comando o Cel. Tamarindo. Logo pela manhã bem cedo, a expedição inicia o caminho de volta. Tudo era como se fosse um pesadelo que ainda não havia terminado, pois Pajeú, um dos principais chefes guerrilheiro de Canudos, liderava sues companheiros em emboscadas que causavam pânico em toda a tropa, transformando a retirada numa debandada geral. O Cel. Tamarindo é atingido mortalmente e o Major Cunha Matos, que assumiu o comando, afirmou em seu relatório oficial: “logo notei certa cobardia por parte dos praças em geral (...) a guarda avançada e outras muitas praças abandonavam seus postos, e corriam pela estrada fugindo”. Era o trágico fim de uma expedição vingadora que teve um soldo de 116 mortos, inclusive 13 oficiais, e 120 feridos.
05 de abril - 1897
É publicada a ordem do Dia, criando a IV expedição militar contra Canudos. Após a surpreendente derrota da III expedição, a opinião publica estava histérica e exigia medidas drásticas do governo para a rápida solução do conflito. Organizou-se então, a maior de todas as expedições, formada por tropas de 17 estados (BA – SE – PE – PB – AL – RN – PI – MA – PA – ES – MG – SP – RJ – RS – AM – CE – PR), equipado com os mais modernos equipamento da época. O efetivo militar era composto de seis Brigadas, divididas em duas colunas que investiram sobre Canudos por direção opostas, sendo o comandante central o General Artur Oscar.A 1ª coluna, sob o comando do Gal. Silva Barbosa sai de Queimadas e passa por Monte Santo, composta de 3.415 homens, 180 mulheres e 12 canhões Krupp e 1 canhão vWithworth 32. na retaguarda, protegendo 750 mil quilos de mantimento e munição seguia o corpo de policia da Bahia, destacamento formado por 388 jagunços contratados no interior do estado. A 2ª coluna sob comando do Gal. Cláudio Savaget, parte de Sergipe em tropas isoladas, se agrupando em Jeremoabo (BA), de onde segue para Canudos, composta de 2.340 homens, 512 mulheres e 74 criança, inclusive duas nascidas durante a marcha.
09 de abril - 1897
Aporta em Salvador a 1ª divisão naval de apoio as operações militares de Canudos. Composta de 5 navios de guerra, os cruzadores 15 de novembro, tragando, Andrada, timbira e Paraíba e o patacho caravelas. Era a marinha, também participando da guerra de Canudos
28 de junho – 1897
Canudos já tendo iniciado o bombardeio, quando Cláudio Savaget recebe ordens do General Comandante Artur Oscar para socorrer a 1ª coluna que estava em situação desesperadora, com munição esgotada e envolvida pela emboscada organizadas por Pajeú, que magistralmente liderava sues “guerreiros invisíveis” encurralando toda a coluna no alto da favela. Savaget altera seus planos e imediatamente segue ao encontro da 1ª coluna, salvando-a de uma derrota fragorosa.
29 de junho – 1897
Explode o canhão Withweth, o celebre 32, trazido pela IV expedição puxado por 13 juntas de bois e apelidado de “matadeira”, devido ao imenso estrago que provocava no meio conselheirista. Este acidente provoca a morte de dois oficiais e o ferimento de quatro praças.
01 de julho – 1897
Um grupo de 11 de guerrilheiros conselheirista, liderados por Joaquim Macambira Filho, investe contra a artilharia do exercito na tentativa frustrada de destruir os canhões que bombardeavam Canudos. Esses ataques, heróicos e suicidas, cada dia tornavam-se mais freqüentes.
14 de julho – 1897
Com uma salva de 21 ares de artilharia, o comando da IV expedição militar comemora em pleno sertão nordestino, e em meio a uma autentico massacre contra os conselheiristas, o aniversario da Revolução Francesa: igualdade, liberdade e fraternidade.
18 de julho – 1897
Os militares promovem contra a resistência canudense o grande assalto de 18 de julho. Todas as forças foram acionadas e 3.400 homens iniciam a ofensiva. Durante varias horas o combate foi sem tréguas e a muito custo os soldados conseguem transpor o rio e dominar um pequeno trecho de casas de periferia, porem, devido ao fogo cerrado, tornava-se impossível avançar mais. Ao final do dia, as perdas eram assustadoras e o exercito acusava 947 baixas e uma cruel constatação: o grande assalto fracassaram.
23 de julho – 1897
O general Artur Oscar, comandante e chefe da IV expedição, faz um relato dramático da situação das forças militares e pede ao governo federal um reforço de 5.000 soldados. O desanimo predominava em toda a tropa e as baixas chegavam a casa de 2.000 homens.
O transporte de viveres e de munição era muito perigoso pois os conselheiristas promoviam emboscadas pelas estradas, dificultando assim o abastecimento e a comunicação da expedição com a base das operações em Monte Santo (BA). Os oficiais que tinha participado da guerra do Paraguai (1865 – 1870), afirmam: “já mais vimos combates como os de Canudos”.
24 de julho – 1897
O Governador Luis Viana declara ao jornalista Fávila Nunes correspondente especial da guerra da Gazeta de Noticias (RJ): “Se for pegado Antônio Conselheiro, tudo será terminado; se porem ele fugir, será preciso persegui-lo onde quer que esteja para não formar mais grupos.
05 de agosto – 1897
De Salvador (BA), partem para Canudos 24 estudantes de medicina com o objetivo de servir nos hospitais de sangue do exercito.
07 de agosto – 1897
Euclides da Cunha desembarca do vapor espírito santo em Salvador (BA) como correspondente de guerra do jornal o estado de São Paulo, periódico no qual já havia escrito dois artigos intitulados “A nossa vendéia” publicados em 14 de março e 17 de julho de 1897. Euclides demonstrava vivo interesse no tema, e nas semanas seguintes recolhe material de pesquisa e entrevista soldados feridos e prisioneiro conselheiristas recém chegados da zona de combate. No final do mês, vai para o palco da guerra, passando por Queimadas e Monte Santo, chagando em Canudos a 10 de setembro e ficando ate 03 de outubro, dois dias antes do final da guerra.
08 de agosto – 1897
Parte de Monte Santo a famosa Brigada Girard. Formada originalmente por 1.090 homens,com 850 mil cartuchos mauser, ao longo do caminho foi se reduzindo drasticamente, pois aproximadamente do cenário da guerra provocava uma crescente onda de deserções de praças e pedidos de baixa de oficiais que envolveu ate mesmo o seu comandante, o General Girard. A famosa intrépida Brigada se apresenta no dia 15 no Alto da Favela, com um Major comandando 800 homens amedrontados e o apelido nada lisonjeiro de “mimosa”.
“Escapa, escapa, soldado quem quiser ficar que quem quiser morrer que morra há de nascer duas vezes quem sair dessa gangorra” (João Melchiades, poeta paraibano, ex-saldado na guerra de Canudos, citado por Paulo Monteiro Varjão, 96 anos, morador de Canudos).
30 de agosto – 1897
Chega a Queimadas, o Marechal Carlos Machado Bittencourt, Ministro da Guerra. O governo estava alarmado com a possibilidade de mais uma fragorosa derrota, dia-a-dia a situação se agravava no acampamento. No plano militar, não havia novas conquistas e a sobrevivência tornava-se insuportável. Um oficial escreveu em seu diário: “a fome tortura, o calor queima, a sede abrasa, a poeira sufoca e os olhos esbugalhados fitam o vácuo”.
O Marechal Bittencourt trouxe consigo um reforço de 3.000 soldados, estabelecendo o seu Q.G. em Monte Santo e efetivamente toma providencias enérgicas, conseguindo regularizar o abastecimento das tropas em combate.
05 de setembro - 1897
Atingido durante um tiroteio, morre em Canudos, Norberto das Baixas, antigo dono de fazenda em Bom Conselho (atual Cícero Dantas) que foi morar em Belo Monte, transformando-se numa das mais respeitadas lideranças conselheiristas.
06 de setembro - 1897
As torres da igreja Nova, importantes pontos de defesa da resistência canudense, são derrubadas pela artilharia do exercito. Junto com a torre, veio a baixo o sino Timotinho, que mesmo durante o conturbado período de guerra, todos os dias, às 6h da tarde, subia a torre da igreja e tocava a hora da Ave-maria. Em um cenário desolado. Era um belo e grandioso espetáculo, que ressoava em toda redondeza.
07 de setembro - 1897
Vencendo uma forte resistência dos conselheiristas, o exercito ocupa a fazenda velha, tido como o melhor ponto estratégico para o bombardeio a Canudos.
09 de setembro - 1897
No acampamento militar, as condições de higiene e saúde são péssimas. Escreve Flavia Nunes, correspondente de A Gazeta de Noticias (RJ): “A varíola aqui esta grassando de modo assustador. Temos já cinco hospitais de isolamento, repleto de variolosos. Só ontem deram-se 24 casos novos”.
22 de setembro - 1897
Morre Antonio Conselheiro. Para uns, a causa foi uma ferimento provocado por estilhaços de uma granada; para outros, foi “caminheira” (diarréia), e ainda há os que acreditam que ele não morreu em Canudos. Estas são as ultimas palavras escritas pro Antonio Conselheiro em Belo Monte:
“É chegado momento para se despedir de vos; que pena, que sentimento tão vivo ocasiona esta despedida em minha alma, à vista do modo benévolo, generosos e caridosos, com que me tendes tratado, penhorando-me assim bastante. São estes os testemunhos que me fazem compreender quanto dominavam vossos corações tão belo sentimento! Adeus povo, adeus aves, adeus arvores, adeus campos aceitai a minha despedida, que bem demonstra as gratas recordações que levo de vós, que jamais se apagarão da lembrança, deste peregrino”. (Nogueira, 1974:1981)
23 de setembro - 1897
A estrada de Várzea da Ema. Ultimo canal de reabastecimento e contato externo de Canudos é tomado pelo Exercito. Finalmente, o cerco das forças militares estava completo. A partir de agora ninguém mais poderia sair ou entrar do arraial.
01 de outubro - 1897
A guerra de Canudos já dura quase um ano. Oito dos principais jornais do, pois enviaram correspondentes ao palco da luta e as noticias não conseguiam explicar tanta dificuldade e demora de um Exercito bem equipado em destruir um reduto sertanejo. As perdas militares eram extraordinária e a impaciência e o cansaço tomava conta de todo. Os Generais Artur Oscar, Silva Barbosa e Carlos Eugenio, decidem não esperar mais, mobilizam 5.871 homens num choque a toda carga sobre o núcleo central de casas, o ultimo reduto da resistência canudense. Revelando mais uma surpreendente tática de guerrilha, os conselheiristas utilizam fossas subterrâneas que interligam as casas, permitindo ampla mobilidade de ação e com isso provocando muitas baixas a tropa.
Depois de varias horas fogo cerrado, os soldados conquistam os escombros da igreja Nova, a mais importante trincheira de defesa do Arraial. Este feito foi comemorado de forma entusiasmada, com o hasteamento da bandeira e execução do hino nacional, mas, inesperadamente uma tempestade de balas sobre a praça. Vinha das ruínas, da fumaça, de tudo que já fora destruído. Era com se viesse do nada, mas vinham, e causavam muitos estragos. Em resposta, o exercito lança 90 bombas de dinamite e muitas latas de querosene. Depois de três meses de intenso bombardeio, agora o fogo tomava conta do Arraial.
02 de outubro – 1897
Em meio à guerra, surge perante as ruínas um homem com uma bandeira branca. Era Antônio Beatinho que queria falar com o general comandante e disse que lá dentro ninguém agüentava mais, a fome e a sede estava acabando com todos. Pede para que podessem sair em paz. Artur Oscar lhe disse que voltasse lá e trouxesse os homens para se entregar que eles lhes garantiriam a vida. Beatinho volta ao Arraial e pouco depois apareço com um grupo de 300 pessoas: eram mulheres, crianças, e inválidos de guerra, maltrapilhos e doente. Afirma que todos os homens restantes haviam rechaçado sua proposta de rendição e iriam lutar ate o fim.
03 de outubro – 1897
Antônio Beatinho é degolado junto com seus companheiros que se entregaram confiando na palavra do General Oscar em lhes garantir a vida. A degola dos prisioneiros era a consumação final do massacre. Mas esta pratica não era nova na campanha. Desde agosto que os jornalistas relatam casos praticados de forma discreta na calada da noite. Agora nos últimos dias da guerra, a “gravata vermelha” como também era chamada à degola, foi larga e amplamente utilizada sem cerimônias, em plena luz do dia.
O acadêmico de medicina Akim Horcades escreveu: “eu vi e assisti a sacrificar-se todos aqueles miseráveis (...) e com sinceridade o digo: em Canudos foram degolados quase todos os prisioneiros (...) leva-se homens de braços atados para trás como criminosos de lesa-majestade, indefesos e perto mesmo de seus companheiros, para maior escárnio, levanta-se pelo nariz a cabeça, como se fora o de uma ave, e corta com o assassino ferro o pescoço, deixando a cabeça cair sobre o solo – é o cumulo do banditismo praticado a sangue-frio (...) Assassinar-se uma mulher pelo simples fato de seu companheiro ser conivente com o que se dava – é o auge da miséria! Arrancar-se a vida a uma criancinha (...) é o maior do barbarismo e dos crimes que o homem pode praticar”. (Horcades, 1899)
05 de outubro – 1897
Termina a resistência sertaneja, Canudos estava destruída. Num cenário de fim de mundo, por ente becos e ruelas, uma legião de corpos carbonizados se misturam com as ruínas e as cinzas das 5.200 casas. A elite policial, acadêmica e militar dos estados estavam em êxtase. “Os deputados federais da Bahia congratulam-se com o governo pela completa destruição de Canudos, baluarte de bandidos e fanáticos” e o próprio presidente da Republica, Prudente de Moraes, declara: “em Canudos não ficará pedras sobre pedras”. Enfim os generais cumpriram o prometido, pois queriam que ali se plantasse a solidão e a morte.
Estima-se que mais de 25 mil conselheiristas morreram no conflito que mobilizou um contingente superior a 12 mil soldados o exercito (mais da metade de todo o efetivo nacional), na maior guerra de guerrilhas que o Brasil já viveu.
Numa preciosidade de pensamento dominante, o Barão de Stuart escreve: “Para esse fim houve recurso aos meio mais desumanos, que não convêm registrar a bem dos nossos foros de nação civilizada e cristã”.
06 de outubro – 1897
O general comandante Artur Oscar publica a Ordem do Dia nº. 145:
“Viva a Republica dos Estados Unidos do Brasil! Esta terminada a Campanha de Canudos. Desde ontem que os batalhões da forças expedicionárias passeiam suas bandeiras sobre as ruínas da cidadela, como consciência de bem haverem cumprido o seu dever”.
O corpo de Antônio Conselheiro e localizado no santuário da Igreja Nova.
“Aos seis dias do mês” de outubro de 1897, os abaixo assinados examinaram, por ordem superior, os escombros da casa denominada santuário, residência de Antônio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, onde se presumia existirem os seus despojos mortais, dando como resultado o exame, que se limitou à situação o habito externo, o seguinte: Na encosta da parede interna, numa das três seções em que se divide a referida parede, encontrou-se uma sepultura guardado um cadáver com os seguintes caracteres: braços cruzados nos peitos, deitado sobre uma esteira de carnaúba e envolto num lenço branco. Vestia longa túnica de pano azul costurado na fímbria; a cintura abotoada daí até a gola, tendo por baixo dessa túnica uma camisa e ceroula de algodão nacional. Calçava alpercatas. O cadáver media um metro e sessenta de comprimento.
No tempo da Monarquia
Certos casos sucederam
Que vale a pena contar-se
Pelo que eles mereceram
Castigos como alguns levaram
Desgosto que outros sofreram”
(Arinos de Belém)
13 de março – 1830
Nasce na Vila do Campo Maior de Quixeramobim, na província do Ceará, Antônio Vicente Mendes Maciel, nome de batismo daquele que mais tarde ficaria célebre como Antônio Conselheiro. Era filho de Maria Joaquina de Jesus e Vicente Mendes Maciel. Segundo o escritor João Brígido, que foi amigo de infância de Antônio, os Maciéis era uma “família numerosa de homens validos, ágeis, inteligentes e bravos, vivendo de vaqueirice e a pequena criação” (Brígido, 1919), e se envolveram em conflito com os poderosos Araújos, “família rica, filiadas a outras das mais antigas do norte da província” (Ibid).
22 de maio - 1830
Antônio é batizado na igreja matriz quixeramobim, com forme a certidão:
“Aos vinte e dois de maio de mil oitocentos e trinta batizei e pus os santos óleos nesta matriz de quixeramobim ao parvulo Antônio pardo nascido aos treze de março do mesmo ano supra (...) Do que, para constar, fiz este termo em que me assinei”.
O vigário,domingos Álvaro Vieira”
31 de agosto de – 1834Morre Maria Joaquina.Antonio e suas duas irmãs, Maria e Francisca,ficam órfãos de mãe e seu pai casa-se 1 ano, 5 meses e 11 dias depois com Francisca Maria da conceição e tem mais uma filha chamada Rufina. “Antônio teve uma infância sofrida. Marcaram-no os delírios alcoólicos do pai, os mal tratos da madrasta, o extermínio de parentes na luta contia os Araújo, além das influências místicas comum ao meio sertanejo” {Dantas, 1966}.
O escritor Gustavo Barroso em antigo publicado na revista o cruzeiro em 1956, José Victor Ferreira nobre informava que Antônio Conselheiro cursara as aulas de latim de dificuldades na família, Antônio consegue se dedicar a boa formação escolar e estuda também português, Aritmética, Geografia e francês. Possui uma boa caligrafia e torna-se um jovem conceituado na cidade “Antônio revela-se muito religioso, morigerado e bom, respeitoso para com os velhos. Protegia e acariciava as crianças. Sofria com as rusgas entre o pai e a madrasta.
Consideravam-no perola de Quixeramobim, por se um moço sério, trabalhador, honesto e religioso” {Montenegro,1954}.
05 de Abril-1855
Morre Vicente Maciel, pai de Antônio, que a partir de então, passa a cuidar dos negócios da família, ao mesmo tempo que promove o casamento das irmãs. Francisca Maciel, madrasta de Antônio, morre em Quixeramobim um ano depois.
07 de janeiro-1857
Antônio Maciel casa-se em Quixeramobim com Brasilina Laurentina de lima.
“ Aos sete dias de janeiro de 1857, nesta matriz de Quixeramobim, pelas oito horas da noite, depois de preenchidas as formalidades de direito, assiste a Antônio Vicente Mendes Maciel e Brasilina Laurentina de lima, naturais moradores de Quixeramobim (...) do que para constar mandei fazer este assento que assino.
O Vigário interino José Jacinto Bezerra”
A partir desta época, Antônio muda constantemente de cidade e de profissão, sendo negociante professor, balconista e advogado pro visionado,ou advogado dos pobres como o chamavam.Em 1861,encontra-se em IPU {CE},já com dois filhos,e sua esposa inicia uma relação amorosa com um furriel {antigo posto entre cabo e sargento}da policia local. Profundamente abatido,Antônio abandona tudo e se retira para a fazenda Tamboril, dedicando-se ao magistério. Tempos depois, vai para Santa Quitéria (CE) e conhece Joana Imaginaria, mulher meiga e mística que esculpia imagens de santo em borro e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho e em 1865 parte novamente. Trabalhando como negociante de varejos, percorre os povoados da região, e de 1869 a 1871 fixa-se em Várzea da Pedra, insistindo com os negócios, mas os fracassos comerciais e a provável influência do padre Ibiapina levam-no a iniciar uma nova fase de sua vida, peregrinando por todo o nordeste.
Passados alguns anos, Antônio em uma visita ao Ceará, encontra o escritor João Brigido, e declara: “vou para onde me chamam os mal aventurados”, retomando assim uma longa caminhada pelos sertões.
Alto, magro, cabelos e barba crescidos, sandálias de couro, chapéu de palha, vestido sempre com uma túnica azul clara amarrada na cintura por um cordão com um crucifixo na ponta e um bastão na mão; esse era o peregrino.
Honório Vilanova, sobrevivendo de Canudos e irmão de Antônio Vilanova, um dos principais lideres conselheiristas, em depoimento ao escritor Nertan Macedo no ano de 1962,declarou:
“Conheci o peregrino, era eu menino, no urucu. Se bem me recordo, foi em 1873 antes da grande seca. Ela chegou um dia a fazenda, pedindo esmola para distribuir pelos pobres, como era do seu costume. Donde vinha, não posso me lembrar.
Falava-se que dos lados do Quixeramobim, mas a origem pouco importante.
Compadre Antônio deu-lhe um borrego nessa ocasião. O peregrino disse a quantos o ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumprir, erguer vinte e cinco igrejas.
Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara.
Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara.Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”
Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”
Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho e em 1865 parte novamente. Trabalhando como negociante de varejos, percorre os povoados da região, e de 1869 a 1871 fixa-se em Várzea da Pedra, insistindo com os Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”
Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho negócios, mas os fracassos comerciais e a provável influência do padre Ibiapina levam-no a iniciar uma nova fase de sua vida, peregrinando por todo o nordeste.
Passados alguns anos, Antônio em uma visita ao Ceará, encontra o escritor João Brigido, e declara: “vou para onde me chamam os mal aventurados”, retomando assim uma longa caminhada pelos sertões.
Alto, magro, cabelos e barba crescidos, sandálias de couro, chapéu de palha, vestido sempre com uma túnica azul clara amarrada na cintura por um cordão com um crucifixo na ponta e um bastão na mão; esse era o peregrino.
Honório Vilanova, sobrevivendo de Canudos e irmão de Antônio Vilanova, um dos principais lideres conselheiristas, em depoimento ao escritor Nertan Macedo no ano de 1962,declarou:
“Conheci o peregrino, era eu menino, no urucu. Se bem me recordo, foi em 1873 antes da grande seca. Ela chegou um dia a fazenda, pedindo esmola para distribuir pelos pobres, como era do seu costume. Donde vinha, não posso me lembrar.
Falava-se que dos lados do Quixeramobim, mas a origem pouco importante.
Compadre Antônio deu-lhe um borrego nessa ocasião. O peregrino disse a quantos o ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumprir, erguer vinte e cinco igrejas.
Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara.Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”
Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho negócios, mas os fracassos comerciais e a provável influência do padre Ibiapina levam-no a iniciar uma nova fase de sua vida, peregrinando por todo o nordeste.
Passados alguns anos, Antônio em uma visita ao Ceará, encontra o escritor João Brigido, e declara: “vou para onde me chamam os mal aventurados”, retomando assim uma longa caminhada pelos sertões.
Alto, magro, cabelos e barba crescidos, sandálias de couro, chapéu de palha, vestido sempre com uma túnica azul clara amarrada na cintura por um cordão com um crucifixo na ponta e um bastão na mão; esse era o peregrino.
Honório Vilanova, sobrevivendo de Canudos e irmão de Antônio Vilanova, um dos principais lideres conselheiristas, em depoimento ao escritor Nertan Macedo no ano de 1962,declarou:
“Conheci o peregrino, era eu menino, no urucu. Se bem me recordo, foi em 1873 antes da grande seca. Ela chegou um dia a fazenda, pedindo esmola para distribuir pelos pobres, como era do seu costume. Donde vinha, não posso me lembrar.
Falava-se que dos lados do Quixeramobim, mas a origem pouco importante.
Compadre Antônio deu-lhe um borrego nessa ocasião. O peregrino disse a quantos o ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumprir, erguer vinte e cinco igrejas.
Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara.Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”
Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara. e madeira, e com ela teve um filho chamado Joaquim Aprígio. Mas Antônio tinha alma de andarilho negócios, mas os fracassos comerciais e a provável influência do padre Ibiapina levam-no a iniciar uma nova fase de sua vida, peregrinando por todo o nordeste.
Passados alguns anos, Antônio em uma visita ao Ceará, encontra o escritor João Brigido, e declara: “vou para onde me chamam os mal aventurados”, retomando assim uma longa caminhada pelos sertões.
Alto, magro, cabelos e barba crescidos, sandálias de couro, chapéu de palha, vestido sempre com uma túnica azul clara amarrada na cintura por um cordão com um crucifixo na ponta e um bastão na mão; esse era o peregrino.
Honório Vilanova, sobrevivendo de Canudos e irmão de Antônio Vilanova, um dos principais lideres conselheiristas, em depoimento ao escritor Nertan Macedo no ano de 1962,declarou:
“Conheci o peregrino, era eu menino, no urucu. Se bem me recordo, foi em 1873 antes da grande seca. Ela chegou um dia a fazenda, pedindo esmola para distribuir pelos pobres, como era do seu costume. Donde vinha, não posso me lembrar.
Falava-se que dos lados do Quixeramobim, mas a origem pouco importante.
Compadre Antônio deu-lhe um borrego nessa ocasião. O peregrino disse a quantos o ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumprir, erguer vinte e cinco igrejas.
Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara.
Nunca mais pude esquecer aquela presença.era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.vEra manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”
Peregrino disse a quantos ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri, erguer vinte cinco igrejas. Que não as construiria, contudo, em terras do Ceara.
Nunca mais pude esquecer aquela presença. era fonte como um touro, os cabelos negros e lisos lhe caiam nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça.
Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nuca pensei, eu e compadre Antônio,que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem.
Uma tarde, ele foi embora do Urucu, caminhado vagarosamente, levando no braço o borreguinho que meu irmão lhe dera .ficamos olhando a sua figura esquisita, durante algum tempo, do alpendre. Até que sumiu na estrada, não para sempre.”(Macedo, 1964.)
22 de novembro-1874
O jornal semanário “O RABUDO” editado na cidade de Estância (SE), publica pela 1ª vez uma noticia na imprensa sobre um certo Antônio dos Mares.
A bons seis meses que por todo o centro desta e da Província da Bahia, chegado, (diz ele,)da do Ceara infesta um aventureiro santarrão que se apelida por Antônio dos mares:(...) O fanatismo do povo tem subido a ponto tal que afirmam muito ser o próprio Jesus Cristo (...)pedimos providencias a respeito: seja esse homem capturado e levado a presença do governo imperial, a fim de prevenir os males que ainda foram postos em prática pela autoridade da palavra do Fr. S. Antônio dos Mares mo demo.
Dizem que ele não teme a nada, e que estará a frente de suas ovelhas. Que audácia! O povo fanático sustenta que nele não tocarão; já tendo se dado casos de pegarem em amas para defende-lo.
(ver na integra em documentos raros)
O peregrino caminha incansavelmente, conhece cada palmo do sertão, seus segredos e mistérios.vPor onde anda, faz sermões rega o evangelho e da conselho. Antônio se transforma, de peregrino a beato, de beato a conselheiro: Antônio Conselheiro ou Santo Antônio dos Mares ou Santo Antônio Aparecido ou bom Jesus Conselheiro. Deixa crescer o cabelo e a barba, aprofunda seu já grande conhecimento da Bíblia, e sua fama começa a percorrer todo o interior nordestino, e gradativamente vai formando em torno de si número crescente de fiéis seguidores.
28 de junho – 1876
Antônio Conselheiro é preso em Itapiruru, Francisco pereira Assunção, que em oficio ao chefe de policia da Bahia, João Bernardo de Magalhães, escreve:
“peço a v.s. para da providencias, a fim de que não volte o dito fanatiza dor do povo ignorante; e creio que V.S. assim o fará, porque não deixa de saber da noticia, que a messes apareceu, de ser ele criminoso de morte da província do Ceará “. (Apud Milton, 1902,p.10) (ver íntegra do oficio em documentos raros ).
A prisão do conselheiro, foi noticia em destaque dos principais jornais de Salvador. Alem do diário de noticia, o diário da Bahia (27 de junho e 7 de julho) e o jornal da Bahia, também a famosa folhinha laemmert, por conta deste episodio, divulgou pela 1ª vez na capital do Império (RJ) noticia sobre Antônio Conselheiro.
5 de julho-1876
O chefe da policia da Bahia encaminha Antônio Conselheiro ao seu colega do Ceará Vicente de Paula Cascais Teles, com a seguinte recomendação:A partir desta época, Antônio muda constantemente de cidade e de profissão, sendo negociante.cor morena e idade presumível de sessenta ou cinquenta e cinco anos.estava em começo de putefação e apresentava cabelos negros,longos e bastos,fronte estreita, rosto longo e largo e magro de nações salientes, guamecido de barbas longas, nariz destruído na porção musculosa, a maxila inferior, como a superior,desprovida de dentes; mãos descamadas e pés pequenos. Concluído o exame,que não pode ser levado adiante por deficiência de meios reconhecido pelos sinais descritos e pelo testemunho de muitos prisioneiros e várias pessoas presentes ,entre As quais o membro presente da comissão acadêmica ,João Ponde,ser o corpo de Antonio Vicente Mendes Maciel,conhecido por Antonio conselheiro , que aí residia como chefe de um núcleo de fanáticos e aventureiros de povoação de Canudos;no sertão da Bahia.” Dr. José Curió (Major-Médico) ,Dr.Mourão ,Dr. Gouveira Freire (Capitão-Médico), Dr.Jacob Gayoso .dico), João Pondé (6º anista de medicina) Apud Gustavo Barroso, o cruzeiro,28.04.1956)
03 de Novembro-1897
É lançado em salvador um manifesto de 41 estudantes baianos protestando contra o “cruel massacre ...exercido sobre prisioneiros indefesos e maneitados em Canudos e até em Queimadas” . pouco depois , também Ruí Barbosa declara um elogio aos
estudantes que “ protestam contra a vitória de degola aos vencidos .”
05 de Novembro-1897
É assassinado no Rio de Janeiro (RJ) , 0 Marechal Carlos Machado Bittencurt, ministro da guerra ,que em setembro se desloca para o sertão baiano , assumindo pessoalmente comando das operações militares da guerra o atentado que era destinado ao presidente da republica , Prudente de Moraes , ocorreu no momento em que a cidade em festa recebia os primeiro soldados combatentes Canudos.
02 de Dezembro-1902
É lançado no Rio de Janeiro o livro “os sertões.” Um clássico sobre a epopeia de Canudos , escrito por Euclides da Cunha, que em 1897 havia si do contratado pelo jornal O Estado de São Paulo para o in loco produzir uma serie de artigos sobre a guerra de canudos e Antonio Conselheiro .este trabalho será por nos publicado , conforme rezava entre ele e “estado” . alguns anos depois , pela editora Leammert o livro foi lançado no mercado editorial brasileiro, transformando-se numa das principais obras da literatura mundial já tendo sido traduzido para mais de dez idiomas ,com um numero
superior a 50ediçoes brasileiras e sendo objeto de mas de 10 mil trabalhos.
03 de Março-1905
Um incêndio na antiga faculdade de medicina do território de Jesus , em salvador (BA),destrói a cabeça de Antonio Conselheiro que se encontrava em exposição publica desde o final da guerra de canudos , em outubro de 1897.
“... suspeito ser algum dos criminosos dessa província, que andam foragidos.(...) Entretanto, si por ventura não for ele ai criminoso, peço em todo caso, a v. s.que não perca de sobre ele as vistas, para que não volte a esta província, ao lugar referido, para onde a sua volta trará certamente resultados desagradáveis pela exaltação em que 03 de Março-1905
Um incêndio na antiga faculdade de medicina do território de Jesus , em salvador (BA),destrói a cabeça de Antonio Conselheiro que se encontrava em exposição publica desde o final da guerra de canudos , em outubro de 1897.
“... suspeito ser algum dos criminosos dessa província, que andam foragidos.(...)
Entretanto, si por ventura não for ele ai criminoso, peço em todo caso, a v. s.que não perca de sobre ele as vistas, para que não volte a esta província, ao lugar referido, para onde a sua volta trará certamente resultados desagradáveis pela exaltação em que
Entretanto, si por ventura não for ele ai criminoso, peço em todo caso, a v. s.que não perca de sobre ele as vistas, para que não volte a esta província, ao lugar referido, para onde a sua volta trará certamente resultados desagradáveis pela exaltação em que lançado no mercado editorial brasileiro, transformando-se numa das principais obras da literatura mundial já tendo sido traduzido para mais de dez idiomas ,com um numero
superior a 50ediçoes brasileiras e sendo objeto de mas de 10 mil trabalhos.
03 de Março-1905
Um incêndio na antiga faculdade de medicina do território de Jesus , em salvador (BA),destrói a cabeça de Antonio Conselheiro que se encontrava em exposição publica desde o final da guerra de canudos , em outubro de 1897.
“... suspeito ser algum dos criminosos dessa província, que andam foragidos.(...)
Entretanto, si por ventura não for ele ai criminoso, peço em todo caso, a v. s.que não perca de sobre ele as vistas, para que não volte a esta província, ao lugar referido, para onde a sua volta trará certamente resultados desagradáveis pela exaltação em que ficaram os espíritos dos fanáticos com a prisão do seu ídolo do (Apud Milton, 1902, p.12) (ver íntegra do ofício em documentos raros)
v15 de julho – 1876
Conduzido num porão de navio para Fortaleza (CE), Antonio Conselheiro foi espancado severamente na viagem e teve cabelo e barba raspados, chegando em estado lastimável ao Ceará, cujo Chefe de policia o encaminha ao Juiz Municipal de quixeramobim, conforme oficio:
“segue, para ali ser posto á sua disposição, Antonio Vicente Mendes Maciel, que se supõe ser criminoso nesse termo, conforme comunica-me o Dr, chefe de policial da província da Bahia, que m’o remeteu, afim de que em juízo, verificando da criminalidade do referido Maciel, proceda como cumpre na forma da lei.” (Apud
Benicio, 1899, p. 46) (ver íntegra do ofício em documentos raros)
1º de agosto – 1876
O juiz municipal de quixeramobim, Alfredo Alves Matheus, encerra o episódio em correspondência ao Chefe de policia do Ceará:
“tenho verificado não ser o referido Maciel criminoso, o mandei pôr em liberdade alguns dias depois de sua Chegada a esta cidade.
O juiz Municipal – Alfredo Alves Matheus.” (Apud Benicio, 1899, p. 46)
(ver integra do oficio em documentos raros)
Mesmo comprovada a sua inocência, o boato de que teria assassinado a mãe e a esposa, perseguiu Antonio Conselheiro até o fim da sua vida. Já agora em liberdade, imediatamente retorna ao sertão da Bahia.
1877
O ano de 1877 foi célebre em todo o nordeste: era o início da grande seca que durou 2 anos deixando um rastro de 300 mil mortos e um número incalculável de retirantes famintos, muitos dos quais comiam cadáveres nas beiras de estrada. Antonio Conselheiro vivencia a dor e o sofrimento do povo nordestino e continua suas peregrinações pelo sertão adentro,falando para os pobres e explorados, e seu comportamento desagradava cada vez mais influentes do latifúndio e da igreja.
16 de fevereiro – 1882
O arcebispo de salvador (BA), D.Luis José envia aos vigários de todo o Estado da Bahia, uma circular proibindo as pregações de Antonio Conselheiro em suas paróquias.“chegando ao nosso conhecimento que, pelas freguesias do centro deste arcebispado, anda um individuo denominado Antonio Conselheiro, pregando ao povo que se reúne vpra ouvi-lo doutrinas supersticiosas e uma moral excessivamente rígida com que esta perturbando as consciência e enfraquecendo, não pouco, a autoridade dos párocos destes lugares, ordenamos á v. Revma. que não consinta em sua freguesia semelhante abuso, fazendo saber aos paroquianos que lhes proíbem, absolutamente, de se reunirem para ouvir tal pregação, (...)
Outro sim, se apesar das advertências de V.Revma. continuar o individuo em questão a praticar os mesmo abusos, haja V.Revma. de imediatamente.
Comunicar-nos a fim de nos entendermos com o Exm. Sr. Dr. “Chefe de policia, no sentido de tomar-se conta o mesmo as providencias que se julgam necessárias”.
19 de fevereiro de 1883
Morre aos 76 anos em Santa Fé (PB), o Padre Antonio Ibiapina, Lendário Missionário que construiu casas de caridade em vários Estados nordestinos. Antonio Conselheiro possivelmente foi muito influenciado pelo padre Ibiapina que antes de se ordenar padre, foi juiz de direito em Quixeramobim (CE) em 1833.
13 de maio – 1888
Assinada a Lei da Abolição da Escravatura. Teve fim um longo e tenebroso período em que mais de 9 milhões de Africanos foram trazidos a força para o Brasil, o penúltimo pais do mundo ocidental a abolir a escravidão negra. Esta medida é recebida com entusiasmo por Conselheiro, que a muito tempo já faz as pregações abolicionistas. Muitos ex-escravos, os chamados 13 de maio, não encontrando trabalho e continuando a sofrer violentas descriminações, acompanham o peregrino em suas andanças vindo depois a se estabelecer em canudos. A escravidão era um tema que o preocupava muito e em uma de suas prédicas, ele escreve:(...) sua alteza a senhora Dona Isabel libertou a escravidão que não fez mais que cumprir a ordem do Céu; porque era chegado o tempo mandado por Deus para libertar esse povo de semelhante estado, o mais degradante aqui podia ver reduzido o ente humano; a força moral (que tanto omã ) com que ela procedeu a satisfação da vontade divina constitui a confiança que tem em Deus para liberta esse povo, não era motivo suficiente para soar o brado da indignação que arrancou o ódio da maior parte daqueles a quem esse povo estava sujeito. Mas os Homens não penetram a inspiração divina que moveu o coração da digna e virtuosa princesa para dar semelhante passo; não obstante ela dispor do seu poder, todavia era de supor que meditaria, antes de o pôr em execução, acerca da vperseguição que avia de sofrer, tanto assim que na noite que tinha que assinar o decreto da liberdade um dos ministros lhe disse:
Sua alteza assina o decreto da liberdade, olhe república como uma ameaça; ao que ela não liga a mínima importância. Assinado o decreto com aquela disposição que tanto a caracteriza. A sua disposição, porém, é prova que atesta do mundo mais significativo que era vontade de Deus que libertasse esse povo. Os homens ficaram assombrados com tão belo acontecimento. Porque Já sentiam o braço que sustentava o seu trabalho, donde formavam o seu tesouro, correspondendo com ingratidão e insensibilidade ao trabalho que desse povo recebiam. Quantos morriam debaixo dos açoites por algumas faltas que cometiam alguns quase nus, oprimidos da fome e de pesado trabalho.
E que direi eu daqueles que não levavam com paciência tanta crueldade e no furor ou excesso de sua infeliz estrela se matavam? Chegou o dia em que Deus tinha de pôr termo a tanta crueldade, movido de compaixão a favor de seu povo e ordena para que se liberte de tão penosa escravidão.” (Macedo, 1974: 180).
15 de novembro – 1889
È proclamada a república. A terra e a renda continuaram concentradas nas mãos das elites e o poder político não foi democratizado. Novas medidas começam a entrar em vigor, como a separação entre o estado e a igreja, o casamento civil e a cobrança de impostos. Conselheiro não aceita o novo regime e passa a combate-lo com firmeza, escrevendo nas prédicas:
Agora tenho de falar-vos de um assunto que tem sido o assombro e o abalo dos fiéis, de um assunto que só a incredulidade do homem ocasionara semelhante acontecimento: a República, que é incontestavelmente um grande mal para o Brasil outrora tão bela a sua estrela, hoje porém foge toda a segurança, porque um novo governo acaba de ter o seu invento e do seu emprego se lança mão como meio mais eficaz e pronto para o extermínio da religião. Admiro o procedimento daqueles que tem concorrido com o seu voto para realizar-se a República, cuja idéia tem barbaramente oprimido a igreja e os fiéis: chegando a incredulidade a ponde de proibir até a Companhia de Jesus; quem pois não pasma á vista de tão degradante procedimento? Quem diria que houvesse homens que partilhassem de semelhante idéia A república é o ludibrio da tirania para os fiéis. Não se pode qualificar o procedimento daqueles que tem concorrido para que a república produza tão horroroso efeito!! Homens que olham por um prisma quando deviam impugna generosamente a República, dando assim brilhante prova de religião, demonstrado, como se acha, que a República quer acabar com a religião,esta obra prima de Deus que há dezenove séculos existe e há de permanecer até o fim do mundo; (...) Considerem portanto, estas verdades que devem convencer aquele que concebeu a idéia da república, que é importante o poder humano para acabar com a religião. O presidente da República, porém, pela incredulidade que tem atraído ele sobre toda sorte de ilusões,entende que pode governar o Brasil como se fora um monarca legitimamente constituído por Deus; tanta injustiça os Católicos contemplam amargurados.(...) È evidente que a República permanece sobre um principio falso e dele não se pode tirar conseqüência legitima: sustentar o contrário seria absurdo espantoso e singularíssimo; porque, ainda que ela trouxesse o bem para o pais, por si é má, porque vai de encontro á vontade de deus, como manifesta ofensa de sua divina lei. Como pode se conciliar-se a lei divina e as humanas, tirando o direito de quem tem para dar a quem não tem? Quem não sabe que o digno príncipe o Senhor Dom Pedro 3º tem poder legitimamente constituído por Deus para governar o Brasil?
Quem não sabe que o seu digno avô o Senhor Dom Pedro 2º , de saudosa memória, não obstante ter sido vítima de uma traição a ponto de ser lançado fora do seu governo, recebendo tão pesado golpe, e prevalece o seu direito, conseqüentemente, só sua real família tem poder para governar o Brasil?(...). Afirmo-vos, penetrado da mais intima certeza, que o senhor Jesus é o todo poderoso e fiel para cumprir a sua promessa é um erro de aquele que diz que a família real não há de governar mais o Brasil: Se este mundo fosse absoluto devia-se crer na nova opinião; Mas não há nada de absoluto nesse mundo porque tudo está sujeito à santíssima providência de Deus, que dissipa o plano dos homens e confunde do modo que quer, sem mover-se do seu trono. A república há de cair por terra para a confusão daquele que concebeu tão horrorosa idéia. Convençam-se, que hão de triunfar porque a sua causa é filha da incredulidade,que a cada momento, a cada passo está sujeita a sofrer o castigo de tão horroroso procedimento. (...)Mas este sublime sentimento não domina no coração do presidente da república, que a seu talante quer governar o Brasil, praticando a tão clamorosa injustiça, ferindo assim o direito mais claro, mais palpável da família real, legitimamente constituída para governar o Brasil. Creio, nutro a esperança que mais cedo ou mais tarde há de triunfar o seu direito porque Deus fará divina justiça, e nessa ocasião virá a paz para aqueles que generosamente tem impugnado a República. (Macedo, 1974,175).
v
As prédicas de Antonio Conselheiro calavam fundo na alma do povo oprimido e explorado, em uma visita ao Ceará encontra o escritor João Brígido, antigo colega de infância, e declara: “Vou para onde me chamam os mal aventurados”.
Consolidava-se o mito em torno de sua figura, e o séqüito que o acompanhava nas andanças pelo sertão nordestino era cada vez maior.
Como um semeador de oásis no deserto, Conselheiro ergue templos sagrados para o povo em muitos lugares esquecidos e abandonados por onde passa. São igrejas, cemitérios e até açudes. Nestas construções, Conselheiro tinha como mestre de obras Manoel Faustino e Manoel Feitosa no depoimento a Nertan Macedo, Honório Vilanova declarou:
“ O peregrino disse a quantos o ouviram no Urucu que tinha uma promessa a cumpri: erguer vinte e cinco igrejas. Que não as construíram, contudo, em terras do Ceará. Nunca mais pude esquecer aquela presença. Era forte como um touro, os cabelos negros e lisos que caíam como nos ombros, os olhos pareciam encantados, de tanto fogo, dentro de uma batina de azulão, os pés metidos numa alpercata de currulepe, chapéu de palha na cabeça. Era manso de palavra e bom de coração. Só aconselhava para o bem. Nunca pensei, eu o compadre Antonio, que um dia nossos destinos se cruzariam com o desse homem” (Macedo, 1964)
Localidades onde Conselheiro construiu igrejas : Crisópolis (BA), Biritinga (BA), Itapicuru (BA), Rainha dos Anjos (BA), Aporá (BA), Olindina (BA), Tobias Barreto (SE), Nova Soure (BA), Simão Dias (SE), Chorrochó (BA), Esplanada (BA) e Canudos.
Localidades onde Conselheiro construiu cemitérios: Timbó (BA), Entre Rios (BA), Ribeira do Amparo (BA), Cristinápolis (SE), Aporá (BA), Itapicuru (BA), Simões Dias e Canudos.
26 de maio -1893
Ocorre em Masseté (BA)o primeiro confronto armado entre o governo e os conselheristas. A força militar composta de trinta soldados e um tenente, foi enviada a Salvador Bahia, após Antonio Conselheiro liderar um movimento que destruiu na praça publica de Natuba (atual Npva Soure-BA), os editais republicano de cobrança de impostos, atitude que provocou a ira das autoridades locais.
Em masseté, os conselheristas, sob a direção de João Abade e armados de garruches, cacetes e espingardas de caça, reagiram prontamente ao ataque da força militar, provocando a fuga desordenada da tropa. Após este fato, conselheiro percebe que a pressão do governo republicano, da Igreja e dos latifundiários tendia a crescer. Então, reúne seus seguidores e abandona o vale do Itapicuru, centro de suas atividades por muitos anos, partindo
Sertão a dentro, em busca da “Terra Prometida” (ver Belo Monte).
A GUERRA
A guerra de Canudos durou um ano e mobilizou mais de 10 mil soldados oriundos de 17 estados brasileiros e distribuídos, em 4 expedições militares. Estima-se que morreram mais de 25 mil pessoas, culminando com a destruição total da cidade.
Na fotografia ao lado, D. Rita ramos com armas utilizadas na guerra.
"Escapa, escapa soldado
Quem tiver pena que corra
Quem quiser ficar que fique
Há de nascer duas vezes
Quem sair desta gangorra"
(João Melchiades Ferreira da Silva)
Novembro-1896
Começa a guerra de Canudos. O pretexto para o seu inicio foi irrelevante. Antônio Conselheiro precisava de madeira para a igreja Nova em construção e a encomendou em Juazeiro (BA). O pagamento foi antecipado, mas, no prazo estabelecido, a madeira não foi entregue. Espalhou-se o boato de que a cidade seria em invadida pelos conselheiristas. O juiz local, Arlindo Leone, tinha antigas divergências com conselheiro e resolveu estimular o pânico na cidade. Grande parte dos moradores resolveu atravessar o Rio São Francisco, refugiando-se em Pretolina (PE). Criado o clima próprio, o juiz solicitou tropas policiais e foi atendido pelo governo Luis Viana.
06 de novembro-1896
Parte de Salvador (BA), pela estrada de ferro da Bahia ao São Francisco com destino a Juazeiro, a 1ª expedição Militar contra Canudos. Era comprade 113 soldados do 9º batalhão de infantaria, três oficiais, um medico e dois guias (Pedro Francisco de Morais e seu folho, João Batista de Morais), comandos pelo tenente Pires Ferreira. Levava 400 cartuchos para cada praça. Ao chegar no dia seguinte a juazeiro, a expedição encontrou uma cidade apavorada, mas os conselheiritas estavam bem longe e não planejavam nenhum ataque. Então, o juiz e o tenente decidem ir em direção a Canudos.
No dia 19, a tropa chega a Uauá (BA). O historiador Manoel neto Afirma: “Até alcançar Uauá a tropa marchou penosos 150 quilômetros”. Passaram pela lagoa do boi, Caraibinhas, Mari, Mucambo, Rancharia, o tenente Pires Ferreira e seus enfermiços e diarréicos subordinados.
Enfrentando dificudades no comando, porquanto estremecido com o Alferes Coelho eo próprio dr. Antônio, o chefe da expedição cometia outros erros perigosos: exauria a tropa numa marcha não planejada e em terreno sobejamente conhecido pelo inimigo, isolava-se de apoio estratégico valioso, em caminhava-se para combater um contendor desconhecido,obscuro. Tinhosos, como depois se comprovou, os combatentes de Belo Monte espreitavam...( Neto, Mano. De Juazeiro a Ladeira da Barra: A inusitada trajetória da expedição Pires Ferreira in revista Canudos v.1, n.1 1997 UNEB-CEEC).
21 de Novenbro-1896
No amanhecer deste dia a
Expedição encontrava-se ainda
em Uauá (BA), quando chegam
centenas de conselheiristas
entoando cânticos, tendo a frente
a bandeira do divino e uma
grande cruz de madeira
"Não pareciam guerreiros
Símbolos da paz portavam,
A bandeira do Divino
E ao som de Kyries marchavam,
Levando uma grande cruz,
De longe se anunciavam".
(Zé Guilherme)
Vinham como quem vinha para rezar, ou para a guerra. Foram recebidos a bala pelos sentinelas semi-adormecidos e surpresos. Era a guerra. Manoel Neto assim descreve: “Estabelecia-se sangrento, o 1 fogo previsto pelo conselheiro, e a pacata Uauá transformava-se em violento território de combate. O próprio tenente Pires Ferreira descreve o ataque destacando a “incrível ferocidade” dos assaltantes e a rapidez com que a luta se deu propiciou vantagem inicial aos conselheiristas. Adentraram ao arraial onde ocuparam algumas casas. A lógica, entretanto, prevaleceu. Armados e municiados com equipamento mais modernos e letais, os saldados do 9º batalhão de infantaria impuseram pesadas baixas as forças belomontenses. A crueza do combate foi inegável, sendo que o uso de armas como “facões de folha-larga, chuços de vaqueiro, ferrões ou guiadas de três metros de comprimento, foices, varapaus e forquilhas, sob o comando de Quinquim Coiam” utilizados em lutas de corpo a corpo produziam cenas dantescas. Foram entre 4 e 5 horas de pânico, sangue, horror e gestos de bravura e pânico. Contabilizadas as baixas de ambas facções, os números determinava a vitória militar da governamentais. No relatório oficial, Pires Ferreira informa que pereceram na batalha, dentre as hostes conselheiristas “cento e cinqüenta, fora os feridos”. (Neto, Manoel.Idem)
Passadas varias horas de controle, os canudeses, comandados por João Abade, resolveram-se retirar, deixando para trás um quadro desolador.
'Em Juazeiro ao chegarem
Houve grande confusão
O medo cresceu na mente
De todo a população
O êxodo reatado
Aumentou em proporção"
(Zé Guilherme)A apesar da aparente vitória a expedição esta derrotada, pois não tinha mais forças nem coragem para atacar Canudos naquela mesma tarde, saqueou e incendiou Uauá e retornou para Juazeiro, com o saldo de 10 mortos (um oficial, sete soldados e os dois guias) e 17 feridos.
Pedrão, que durante o combate estar em outra missão ao chegar em canudos e saber que seus companheiros mortos estavam insepultos, criticou João Abade e autorizado por Conselheiro, voltou a Uauá e enterrou 74 corpos.
Em canudos, correu um boato de que os soldados tinham sido avisados por Antônio da mota negociante, com o padre compadre e amigo de conselheiro. Mas esses créditos de nada lhe valeram, pois foi morto junto com todos os homens adultos da sua família numa chacina brutal e desumana.
A derrota surpreendeu o governo e repercutiu negativamente na opinião publica, mas no sertão aumentou ainda mais prestigio de Antônio conselheiro e cresceu muito a quantidade de pessoas que iam para canudos.
9 de dezembro- 1896
Reúne-se em Monte Santo (BA) o efetivo da segunda expedição milita contra canudos, composta de forças federais e da policia militar baiana, sob o comando do Major Febrônio de Brito. Depois de inúmeros contratempos provocados por divergências entre o governo Luis Viana e o comandante do 3º DM, General Sólon Ribeiro, que é afastado do posto por ordem do governo federal, a expedição finalmente está pronta para a investida. Mito mais poderosa que a anterior, era composta 600 soldados do 9º BI (Alagoas) e do 26º BI (Sergipe), 10 oficiais , 1 medico, um farmacêutico , e um enfermeiro,2 canhões KRUPP e 3 metralhadoras nordefelt.um clima de euforia e festa patrocinado pelas autoridades de locais contagia toda prova e a confiança numa rápida e esmagadora vitória era tanta, que resolveram deixa a cidade 2/3 da munição, por considera-la desnecessária.
12 de janeiro -1896
Neste dia, em que parte de Mote Santo em direção a canudos a expedição Febrônio de brito, Antônio conselheiro conclui em belo monte suas predicas em um volumoso livro intitulado Tempestades que se Levantam no Coração de Maria por Ocasião do Ministério da Anunciação, obra manuscrita que contem pensamentos e discursos sobre religião, monarquia, republica e escravidão. Auxiliava-o escrevendo, Leão de Natuba, uma espécie de secretario que também tinham boa caligrafia. este livro ficou inédito durante 77 anos e teve sua publicação organizada por Ataliba Nogueira (Nogueira, Ataliba ,Antônio Conselheiro e Canudos. Revisão Histórica, São Paulo, Editora Nacional,1974).
18 de janeiro-1897
Logo cedo, a expedição Febronio de Brito atravessava a Serra do Cachimbo quando foi surpreendida por forte enroscada. Houve um grande corre-corre em meio à fuzilararia. O pleno conhecimento do terreno proporcionava aos sertanejos, uma melhor posição de tiro,causando muitas baixas entre soldados .A luta durou mais de 5 horas ,quando finalmente a força militar prevaleceu e avançou, fechando muitas perdas entre os conselheiristas. Ao fim da tarde, a expedição acampou abeira da lagoa do Cipó. Na manha seguinte ouve um novo ataque, desta vez mais compacto e direto. Sem o abrigo das serras e rochedos, conselheiristas e militares lutaram corpo a corpo, no terrível confronto dos punhais.
No final do combate, inúmeros corpos estavam estendidos no chão, a maioria de conselheiristas.
A lagoa tinha mudado de cor e de nome, desde então passou a se chamar de Lagoa do sangue.
A expedição não teve mais condições de prosseguir no seu objetivo que era atacar canudos. Estava arrasado e foi obrigada a um recuo lento e penoso, trazido com sigo o saldo se 10 soldados mortos e 70 feridos. Na volta, os soldados,maltrapilhos com fome e arrastando com sigo os feridos e os canhões, percorrerão parte do caminho fustigados pelas emboscadas ardilosas organizadas por Pajeu.
31 de janeiro-1897
Machado de Assis, que tinham na coluna no jornal Gazeta de noticias, neste dia escreve: “protesto contra a perseguição que se está fazendo a Antônio conselheiro”. Era uma das poucas vozes contrarias a o opinião publica brasileira que exigia novas medidas repressivas contra canudos após a derrota de duas expedições militares .
7 de fevereiro-1897
Parte de salvador com destino a queimadas, a 3ºexpedição militar contra canudos, a mais famosa de todas. Depois de dois grande s fracassos militares das expedições anteriores,ela tinha a responsabilidade “lava a honra” do exercito, seguindo equipada com seis canhões Krupp e mais de 1.300 soldados conduzindo 15 milhões de cartuchos. No comando estava o Cel. Moreira César, apelidado de “corta-cabeças” devido a sua ação na repressão contra o movimento federalista no sul do país (1893 – 95). Era grande a confiança na vitória e logo ao chegarem em Queimadas, o Cel. Moreira César telegrafou ao Gov. Luis Viana dizendo: “só temo que o fanático Antônio Conselheiro não nos espere”. Dias depois em nova mensagem reafirmava: “só receio a fuga dos fanáticos”. Nada atemorizava Moreira César, nem mesmo os 2 ataques de epilepsia que sofreu logo nos primeiros dias no sertão.
De Queimadas segue para Monte Santo e em 22 de fevereiro, parte para Canudos. Ao passar pelo Cumbe (atual Euclides da Cunha) manda prender humilhar o Padre Vicente Sabino por este manter relações com conselheiro.
03 de março – 1897
A III expedição militar avista Canudos. O Cel Moreira César euforicamente grita pra seus homens: “Vamos tomar Canudos sem disparar mais um tiro... à baioneta”. Ao contrario do anuncio, o ataque começa com a artilharia entrando em cena, num fogo cerrado de canhões, seguida de forte investida dos soldados que conseguem ocupar algumas áreas periféricas do arraial. A reação vaio como uma tempestade de tiros partindo dos defensores alojados em casas, becos e nas torres da igreja. A cavalaria entrou em cena, mas no terreno acidentado, foi ineficaz e tornou-se alvo fácil. Com o passar das horas, mesmo com o apoio da cavalaria, o entusiasmo inicial das tropas arrefece e o confronto se reverte francamente favorável aos conselheiristas. No final da tarde, as baixas militares eram grandes e o inesperado acontece: o Cel. Moreira César é atingido por dois tiros e fica fora de combate. Não havia mais chances para a força expedicionária.
Às 19hs é anunciado o toque de recolhida.
04 de março - 1897
Durante a madrugada, morre o Cel. Moreira César e assume o comando o Cel. Tamarindo. Logo pela manhã bem cedo, a expedição inicia o caminho de volta. Tudo era como se fosse um pesadelo que ainda não havia terminado, pois Pajeú, um dos principais chefes guerrilheiro de Canudos, liderava sues companheiros em emboscadas que causavam pânico em toda a tropa, transformando a retirada numa debandada geral. O Cel. Tamarindo é atingido mortalmente e o Major Cunha Matos, que assumiu o comando, afirmou em seu relatório oficial: “logo notei certa cobardia por parte dos praças em geral (...) a guarda avançada e outras muitas praças abandonavam seus postos, e corriam pela estrada fugindo”. Era o trágico fim de uma expedição vingadora que teve um soldo de 116 mortos, inclusive 13 oficiais, e 120 feridos.
05 de abril - 1897
É publicada a ordem do Dia, criando a IV expedição militar contra Canudos. Após a surpreendente derrota da III expedição, a opinião publica estava histérica e exigia medidas drásticas do governo para a rápida solução do conflito. Organizou-se então, a maior de todas as expedições, formada por tropas de 17 estados (BA – SE – PE – PB – AL – RN – PI – MA – PA – ES – MG – SP – RJ – RS – AM – CE – PR), equipado com os mais modernos equipamento da época. O efetivo militar era composto de seis Brigadas, divididas em duas colunas que investiram sobre Canudos por direção opostas, sendo o comandante central o General Artur Oscar.A 1ª coluna, sob o comando do Gal. Silva Barbosa sai de Queimadas e passa por Monte Santo, composta de 3.415 homens, 180 mulheres e 12 canhões Krupp e 1 canhão vWithworth 32. na retaguarda, protegendo 750 mil quilos de mantimento e munição seguia o corpo de policia da Bahia, destacamento formado por 388 jagunços contratados no interior do estado. A 2ª coluna sob comando do Gal. Cláudio Savaget, parte de Sergipe em tropas isoladas, se agrupando em Jeremoabo (BA), de onde segue para Canudos, composta de 2.340 homens, 512 mulheres e 74 criança, inclusive duas nascidas durante a marcha.
09 de abril - 1897
Aporta em Salvador a 1ª divisão naval de apoio as operações militares de Canudos. Composta de 5 navios de guerra, os cruzadores 15 de novembro, tragando, Andrada, timbira e Paraíba e o patacho caravelas. Era a marinha, também participando da guerra de Canudos
28 de junho – 1897
Canudos já tendo iniciado o bombardeio, quando Cláudio Savaget recebe ordens do General Comandante Artur Oscar para socorrer a 1ª coluna que estava em situação desesperadora, com munição esgotada e envolvida pela emboscada organizadas por Pajeú, que magistralmente liderava sues “guerreiros invisíveis” encurralando toda a coluna no alto da favela. Savaget altera seus planos e imediatamente segue ao encontro da 1ª coluna, salvando-a de uma derrota fragorosa.
29 de junho – 1897
Explode o canhão Withweth, o celebre 32, trazido pela IV expedição puxado por 13 juntas de bois e apelidado de “matadeira”, devido ao imenso estrago que provocava no meio conselheirista. Este acidente provoca a morte de dois oficiais e o ferimento de quatro praças.
01 de julho – 1897
Um grupo de 11 de guerrilheiros conselheirista, liderados por Joaquim Macambira Filho, investe contra a artilharia do exercito na tentativa frustrada de destruir os canhões que bombardeavam Canudos. Esses ataques, heróicos e suicidas, cada dia tornavam-se mais freqüentes.
14 de julho – 1897
Com uma salva de 21 ares de artilharia, o comando da IV expedição militar comemora em pleno sertão nordestino, e em meio a uma autentico massacre contra os conselheiristas, o aniversario da Revolução Francesa: igualdade, liberdade e fraternidade.
18 de julho – 1897
Os militares promovem contra a resistência canudense o grande assalto de 18 de julho. Todas as forças foram acionadas e 3.400 homens iniciam a ofensiva. Durante varias horas o combate foi sem tréguas e a muito custo os soldados conseguem transpor o rio e dominar um pequeno trecho de casas de periferia, porem, devido ao fogo cerrado, tornava-se impossível avançar mais. Ao final do dia, as perdas eram assustadoras e o exercito acusava 947 baixas e uma cruel constatação: o grande assalto fracassaram.
23 de julho – 1897
O general Artur Oscar, comandante e chefe da IV expedição, faz um relato dramático da situação das forças militares e pede ao governo federal um reforço de 5.000 soldados. O desanimo predominava em toda a tropa e as baixas chegavam a casa de 2.000 homens.
O transporte de viveres e de munição era muito perigoso pois os conselheiristas promoviam emboscadas pelas estradas, dificultando assim o abastecimento e a comunicação da expedição com a base das operações em Monte Santo (BA). Os oficiais que tinha participado da guerra do Paraguai (1865 – 1870), afirmam: “já mais vimos combates como os de Canudos”.
24 de julho – 1897
O Governador Luis Viana declara ao jornalista Fávila Nunes correspondente especial da guerra da Gazeta de Noticias (RJ): “Se for pegado Antônio Conselheiro, tudo será terminado; se porem ele fugir, será preciso persegui-lo onde quer que esteja para não formar mais grupos.
05 de agosto – 1897
De Salvador (BA), partem para Canudos 24 estudantes de medicina com o objetivo de servir nos hospitais de sangue do exercito.
07 de agosto – 1897
Euclides da Cunha desembarca do vapor espírito santo em Salvador (BA) como correspondente de guerra do jornal o estado de São Paulo, periódico no qual já havia escrito dois artigos intitulados “A nossa vendéia” publicados em 14 de março e 17 de julho de 1897. Euclides demonstrava vivo interesse no tema, e nas semanas seguintes recolhe material de pesquisa e entrevista soldados feridos e prisioneiro conselheiristas recém chegados da zona de combate. No final do mês, vai para o palco da guerra, passando por Queimadas e Monte Santo, chagando em Canudos a 10 de setembro e ficando ate 03 de outubro, dois dias antes do final da guerra.
08 de agosto – 1897
Parte de Monte Santo a famosa Brigada Girard. Formada originalmente por 1.090 homens,com 850 mil cartuchos mauser, ao longo do caminho foi se reduzindo drasticamente, pois aproximadamente do cenário da guerra provocava uma crescente onda de deserções de praças e pedidos de baixa de oficiais que envolveu ate mesmo o seu comandante, o General Girard. A famosa intrépida Brigada se apresenta no dia 15 no Alto da Favela, com um Major comandando 800 homens amedrontados e o apelido nada lisonjeiro de “mimosa”.
“Escapa, escapa, soldado quem quiser ficar que quem quiser morrer que morra há de nascer duas vezes quem sair dessa gangorra” (João Melchiades, poeta paraibano, ex-saldado na guerra de Canudos, citado por Paulo Monteiro Varjão, 96 anos, morador de Canudos).
30 de agosto – 1897
Chega a Queimadas, o Marechal Carlos Machado Bittencourt, Ministro da Guerra. O governo estava alarmado com a possibilidade de mais uma fragorosa derrota, dia-a-dia a situação se agravava no acampamento. No plano militar, não havia novas conquistas e a sobrevivência tornava-se insuportável. Um oficial escreveu em seu diário: “a fome tortura, o calor queima, a sede abrasa, a poeira sufoca e os olhos esbugalhados fitam o vácuo”.
O Marechal Bittencourt trouxe consigo um reforço de 3.000 soldados, estabelecendo o seu Q.G. em Monte Santo e efetivamente toma providencias enérgicas, conseguindo regularizar o abastecimento das tropas em combate.
05 de setembro - 1897
Atingido durante um tiroteio, morre em Canudos, Norberto das Baixas, antigo dono de fazenda em Bom Conselho (atual Cícero Dantas) que foi morar em Belo Monte, transformando-se numa das mais respeitadas lideranças conselheiristas.
06 de setembro - 1897
As torres da igreja Nova, importantes pontos de defesa da resistência canudense, são derrubadas pela artilharia do exercito. Junto com a torre, veio a baixo o sino Timotinho, que mesmo durante o conturbado período de guerra, todos os dias, às 6h da tarde, subia a torre da igreja e tocava a hora da Ave-maria. Em um cenário desolado. Era um belo e grandioso espetáculo, que ressoava em toda redondeza.
07 de setembro - 1897
Vencendo uma forte resistência dos conselheiristas, o exercito ocupa a fazenda velha, tido como o melhor ponto estratégico para o bombardeio a Canudos.
09 de setembro - 1897
No acampamento militar, as condições de higiene e saúde são péssimas. Escreve Flavia Nunes, correspondente de A Gazeta de Noticias (RJ): “A varíola aqui esta grassando de modo assustador. Temos já cinco hospitais de isolamento, repleto de variolosos. Só ontem deram-se 24 casos novos”.
22 de setembro - 1897
Morre Antonio Conselheiro. Para uns, a causa foi uma ferimento provocado por estilhaços de uma granada; para outros, foi “caminheira” (diarréia), e ainda há os que acreditam que ele não morreu em Canudos. Estas são as ultimas palavras escritas pro Antonio Conselheiro em Belo Monte:
“É chegado momento para se despedir de vos; que pena, que sentimento tão vivo ocasiona esta despedida em minha alma, à vista do modo benévolo, generosos e caridosos, com que me tendes tratado, penhorando-me assim bastante. São estes os testemunhos que me fazem compreender quanto dominavam vossos corações tão belo sentimento! Adeus povo, adeus aves, adeus arvores, adeus campos aceitai a minha despedida, que bem demonstra as gratas recordações que levo de vós, que jamais se apagarão da lembrança, deste peregrino”. (Nogueira, 1974:1981)
23 de setembro - 1897
A estrada de Várzea da Ema. Ultimo canal de reabastecimento e contato externo de Canudos é tomado pelo Exercito. Finalmente, o cerco das forças militares estava completo. A partir de agora ninguém mais poderia sair ou entrar do arraial.
01 de outubro - 1897
A guerra de Canudos já dura quase um ano. Oito dos principais jornais do, pois enviaram correspondentes ao palco da luta e as noticias não conseguiam explicar tanta dificuldade e demora de um Exercito bem equipado em destruir um reduto sertanejo. As perdas militares eram extraordinária e a impaciência e o cansaço tomava conta de todo. Os Generais Artur Oscar, Silva Barbosa e Carlos Eugenio, decidem não esperar mais, mobilizam 5.871 homens num choque a toda carga sobre o núcleo central de casas, o ultimo reduto da resistência canudense. Revelando mais uma surpreendente tática de guerrilha, os conselheiristas utilizam fossas subterrâneas que interligam as casas, permitindo ampla mobilidade de ação e com isso provocando muitas baixas a tropa.
Depois de varias horas fogo cerrado, os soldados conquistam os escombros da igreja Nova, a mais importante trincheira de defesa do Arraial. Este feito foi comemorado de forma entusiasmada, com o hasteamento da bandeira e execução do hino nacional, mas, inesperadamente uma tempestade de balas sobre a praça. Vinha das ruínas, da fumaça, de tudo que já fora destruído. Era com se viesse do nada, mas vinham, e causavam muitos estragos. Em resposta, o exercito lança 90 bombas de dinamite e muitas latas de querosene. Depois de três meses de intenso bombardeio, agora o fogo tomava conta do Arraial.
02 de outubro – 1897
Em meio à guerra, surge perante as ruínas um homem com uma bandeira branca. Era Antônio Beatinho que queria falar com o general comandante e disse que lá dentro ninguém agüentava mais, a fome e a sede estava acabando com todos. Pede para que podessem sair em paz. Artur Oscar lhe disse que voltasse lá e trouxesse os homens para se entregar que eles lhes garantiriam a vida. Beatinho volta ao Arraial e pouco depois apareço com um grupo de 300 pessoas: eram mulheres, crianças, e inválidos de guerra, maltrapilhos e doente. Afirma que todos os homens restantes haviam rechaçado sua proposta de rendição e iriam lutar ate o fim.
03 de outubro – 1897
Antônio Beatinho é degolado junto com seus companheiros que se entregaram confiando na palavra do General Oscar em lhes garantir a vida. A degola dos prisioneiros era a consumação final do massacre. Mas esta pratica não era nova na campanha. Desde agosto que os jornalistas relatam casos praticados de forma discreta na calada da noite. Agora nos últimos dias da guerra, a “gravata vermelha” como também era chamada à degola, foi larga e amplamente utilizada sem cerimônias, em plena luz do dia.
O acadêmico de medicina Akim Horcades escreveu: “eu vi e assisti a sacrificar-se todos aqueles miseráveis (...) e com sinceridade o digo: em Canudos foram degolados quase todos os prisioneiros (...) leva-se homens de braços atados para trás como criminosos de lesa-majestade, indefesos e perto mesmo de seus companheiros, para maior escárnio, levanta-se pelo nariz a cabeça, como se fora o de uma ave, e corta com o assassino ferro o pescoço, deixando a cabeça cair sobre o solo – é o cumulo do banditismo praticado a sangue-frio (...) Assassinar-se uma mulher pelo simples fato de seu companheiro ser conivente com o que se dava – é o auge da miséria! Arrancar-se a vida a uma criancinha (...) é o maior do barbarismo e dos crimes que o homem pode praticar”. (Horcades, 1899)
05 de outubro – 1897
Termina a resistência sertaneja, Canudos estava destruída. Num cenário de fim de mundo, por ente becos e ruelas, uma legião de corpos carbonizados se misturam com as ruínas e as cinzas das 5.200 casas. A elite policial, acadêmica e militar dos estados estavam em êxtase. “Os deputados federais da Bahia congratulam-se com o governo pela completa destruição de Canudos, baluarte de bandidos e fanáticos” e o próprio presidente da Republica, Prudente de Moraes, declara: “em Canudos não ficará pedras sobre pedras”. Enfim os generais cumpriram o prometido, pois queriam que ali se plantasse a solidão e a morte.
Estima-se que mais de 25 mil conselheiristas morreram no conflito que mobilizou um contingente superior a 12 mil soldados o exercito (mais da metade de todo o efetivo nacional), na maior guerra de guerrilhas que o Brasil já viveu.
Numa preciosidade de pensamento dominante, o Barão de Stuart escreve: “Para esse fim houve recurso aos meio mais desumanos, que não convêm registrar a bem dos nossos foros de nação civilizada e cristã”.
06 de outubro – 1897
O general comandante Artur Oscar publica a Ordem do Dia nº. 145:
“Viva a Republica dos Estados Unidos do Brasil! Esta terminada a Campanha de Canudos. Desde ontem que os batalhões da forças expedicionárias passeiam suas bandeiras sobre as ruínas da cidadela, como consciência de bem haverem cumprido o seu dever”.
O corpo de Antônio Conselheiro e localizado no santuário da Igreja Nova.
“Aos seis dias do mês” de outubro de 1897, os abaixo assinados examinaram, por ordem superior, os escombros da casa denominada santuário, residência de Antônio Vicente Mendes Maciel, o Conselheiro, onde se presumia existirem os seus despojos mortais, dando como resultado o exame, que se limitou à situação o habito externo, o seguinte: Na encosta da parede interna, numa das três seções em que se divide a referida parede, encontrou-se uma sepultura guardado um cadáver com os seguintes caracteres: braços cruzados nos peitos, deitado sobre uma esteira de carnaúba e envolto num lenço branco. Vestia longa túnica de pano azul costurado na fímbria; a cintura abotoada daí até a gola, tendo por baixo dessa túnica uma camisa e ceroula de algodão nacional. Calçava alpercatas. O cadáver media um metro e sessenta de comprimento.